Fúlvio Basso Filho, ginecologista e obstetra do Hospital Sino Brasileiro, explica que incompetência istmocervical (IIC) é uma doença em que há falha no sistema oclusivo do útero determinando abortos tardios e partos prematuros podendo ser sua causa congênita ou adquirida.
Segundo o médico, a incompetência istmocervical congênita está associada a um distúrbio congênito relacionado a anormalidades uterinas, além de exposição ao dietilestilbestrol durante a vida intrauterina materna. Já a IIC adquirida pode decorrer de sequela de trauma na região istmocervical, principalmente causado por dilatações intempestivas do colo, aplicação de fórcipe alto em colos não completamente dilatados e por cirurgias do tipo amputação de colo.
“O quadro clínico característico é de histórico de perdas gestacionais, sempre na mesma época da gravidez, que começam com dilatação do colo do útero, com expulsão rápida do concepto associado a pouca dor e pouco sangramento e com concepto vivo e sem malformações”, pontua Fúlvio. A maneira de se diagnosticar a incompetência istmocervical é por ultrassom, capaz de evidenciar o encurtamento do colo uterino.
Essa condição, segundo Fúlvio, tem a incidência geral de 4,5 a cada 1.000 partos e, normalmente, aparece no segundo trimestre da gestação, quando o bebê já possui peso suficiente para causar a abertura do colo do útero.
Os principais riscos, explica o ginecologista, são a prematuridade extrema e até mesmo a inviabilidade do concepto que tenha idade gestacional menor que 22 semanas.
“Essa patologia não pode ser prevenida, mas pode ser tratada, ou seja, uma vez diagnosticada, podemos recorrer à cerclagem do colo do útero – seja por sutura, seja pela utilização do pessário”, explica Fúlvio.
A cerclagem é um reforço feito através da passagem de um ponto no colo do útero que serve como apoio para evitar sua abertura espontânea e inadvertida pelo peso do concepto. O pessário, que é uma peça plástica, tem o mesmo princípio, sendo um suporte que envolve o colo do útero evitando sua abertura precoce. Associada aos dois métodos acima, utilizamos a progesterona.
“Assim, conseguimos ver a grande importância do pré-natal e seguimento médico para o diagnóstico e tratamento das diversas formas de acometimento patológico que envolvem a gestação”, conclui Fúlvio Basso Filho.



