Nesta matéria, abordaremos os tipos menos comuns de câncer de pele que podem aparecer em regiões não expostas ao sol, suas características e a importância de um diagnóstico precoce.
Tipos raros de câncer de pele
Embora os carcinomas basocelular e espinocelular sejam os tipos mais frequentes de câncer de pele, há formas raras que podem se desenvolver em áreas menos expostas, como veremos a seguir:
Carcinoma de Células de Merkel (MCC): o carcinoma de células de Merkel é um tipo raro e altamente agressivo que pode surgir em qualquer região do corpo, inclusive em áreas cobertas. É caracterizado por uma lesão indolor e firme, que muitas vezes se assemelha a outras condições não cancerígenas, mas tem uma alta taxa de recorrência e possibilidade de metástase.
Dermatofibrossarcoma Protuberante (DFSP): esse é um tumor raro da derme, de crescimento lento e baixa taxa de metástase, mas com alta probabilidade de recidiva local. Geralmente, o DFSP se apresenta como uma cicatriz ou um nódulo firme e pode surgir em diversas áreas do corpo.
Sarcoma de Kaposi: associado a indivíduos imunocomprometidos, o sarcoma de Kaposi se desenvolve a partir das células que revestem os vasos sanguíneos, manifestando-se como lesões vermelhas, roxas ou castanhas na pele. Embora mais frequente em pessoas com HIV/aids ou em pacientes transplantados, pode aparecer em locais cobertos, como a boca ou o trato gastrointestinal.
Melanoma Acral Lentiginoso: um tipo raro de melanoma que ocorre em áreas como palmas das mãos, plantas dos pés e sob as unhas. Sua causa exata ainda é desconhecida, mas é mais prevalente entre pessoas de pele escura, como africanos e asiáticos, e pode ser particularmente difícil de diagnosticar em estágios iniciais.
Fatores de risco
Casos de câncer de pele que se manifestam em áreas protegidas dos raios solares, como a parte interna das coxas, as nádegas ou a região genital, geralmente têm outras causas. Em muitos desses casos, fatores genéticos, imunológicos ou lesões prévias estão envolvidos. Além disso, a melanina, pigmento que protege a pele dos danos solares, pode ser menos eficaz em áreas menos pigmentadas ou com menos exposição ao sol.
Embora a exposição ao sol seja um fator significativo no desenvolvimento da maioria dos cânceres de pele, outros também podem contribuir para o surgimento dessas formas raras:
Genética: a herança genética desempenha um papel crucial no risco de câncer de pele, independentemente da exposição ao sol. Pessoas com síndromes genéticas específicas, como xeroderma pigmentoso ou síndrome de Li-Fraumeni, têm uma predisposição aumentada para cânceres de pele devido a mutações genéticas que afetam a capacidade de reparo do DNA e a regulação do ciclo celular.
Sistema imunológico: a imunossupressão, seja por doenças autoimunes, seja por tratamentos médicos como quimioterapia ou infecção pelo HIV, pode facilitar o desenvolvimento desses tipos raros de câncer. Um sistema imunológico comprometido reduz a capacidade do organismo de identificar e eliminar células pré-cancerígenas ou cancerígenas, o que facilita o desenvolvimento de tumores.
Histórico de lesões: a cicatrização inadequada e o reparo celular após lesões ou traumas podem, em alguns casos, atuar como gatilhos para o desenvolvimento de tumores raros na pele, como o dermatofibrossarcoma protuberante (DFSP). Lesões cutâneas prévias, cirurgias ou até cicatrizes de queimaduras podem levar à proliferação anormal de células da derme, especialmente em pessoas com predisposição genética para mutações oncogênicas.
Exemplos de áreas menos comuns afetadas pelo câncer de pele
- Plantas dos pés: O melanoma acral lentiginoso é frequente nas solas dos pés, uma área raramente exposta ao sol, o que pode atrasar a percepção de alterações suspeitas.
- Palmas das mãos e unhas: O câncer de pele pode se manifestar como manchas escuras ou linhas pigmentadas sob as unhas, que muitas vezes passam despercebidas.
- Região genital e perianal: Embora raro, o câncer de pele pode se desenvolver na área genital, em ambos os sexos, e está mais relacionado a fatores genéticos e infecções crônicas.
- Couro cabeludo e parte inferior das nádegas: Essas regiões são geralmente cobertas, mas podem ser afetadas. O couro cabeludo, por exemplo, é uma área muitas vezes negligenciada durante os exames de pele.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precoce do câncer de pele, em qualquer parte do corpo, é fundamental para aumentar as chances de cura. Contudo, o câncer de pele em áreas menos expostas pode ser mais difícil de identificar, já que essas regiões não são inspecionadas com frequência.
Os sinais mais comuns de câncer de pele incluem:
- Lesões que mudam de cor, forma ou tamanho.
- Feridas que não cicatrizam.
- Manchas escuras, especialmente sob as unhas ou em áreas como as palmas das mãos e as plantas dos pés.
- Crescimentos irregulares ou bordas assimétricas.
A biópsia é o exame padrão para confirmar a presença de câncer de pele e o tratamento depende do tipo e da localização do tumor. Melanomas agressivos, por exemplo, podem exigir cirurgia, quimioterapia, imunoterapia ou terapia-alvo.
Prevenção e cuidados
Embora a prevenção do câncer de pele em áreas menos expostas ao sol seja mais difícil, ainda há medidas que podem ser adotadas para reduzir os riscos:
Exames de pele regulares: visitas periódicas ao dermatologista são essenciais para a detecção precoce de qualquer alteração suspeita. Além disso, autoexames mensais são recomendados, observando todas as áreas do corpo, incluindo as mais protegidas.
Proteção solar completa: embora regiões como as plantas dos pés e as palmas das mãos raramente sejam expostas ao sol, a proteção solar adequada é importante em todas as partes do corpo, especialmente em áreas sensíveis como o couro cabeludo e as orelhas.
Atenção a sintomas incomuns: qualquer lesão, mancha ou alteração na pele que persista por mais de algumas semanas deve ser avaliada por um médico. Não ignore sintomas apenas porque eles ocorrem em regiões menos expostas ao sol.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento de cânceres de pele raros, aumentando as chances de cura e melhorando o prognóstico. Esses tipos de câncer, por estarem em locais atípicos, podem ser confundidos com condições benignas, o que atrasa o diagnóstico e dificulta o tratamento. Por isso, a conscientização sobre esses tipos raros é fundamental para garantir um acompanhamento médico adequado e oportuno.



