Forame oval patente: o que é, causas e tratamento
Abertura entre os átrios direito e esquerdo do coração, após o nascimento, pode não precisar de tratamento.
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O forame oval patente (FOP) é uma doença cardíaca congênita comum. Em grande parte dos casos, ela não causa sintomas e passa despercebida ao longo da vida. No entanto, em algumas situações, pode estar associada a problemas como acidente vascular cerebral (AVC) e embolia paradoxal.
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apontam que o forame oval patente é encontrado em aproximadamente 20% a 25% dos adultos. A condição é identificada em cerca de 10% das pessoas que realizam ecocardiografia com contraste, de acordo com estudo publicado na BMJ Best Practice.
Na maioria das pessoas, o forame oval patente não representa risco à saúde. No entanto, em pacientes com AVC de causa desconhecida ou outras complicações, a identificação e o tratamento adequados podem ser fundamentais para evitar novos eventos cardiovasculares. Continue lendo e saiba mais sobre o que é essa condição, suas causas e tratamento.
O que é o forame oval patente?
O forame oval patente é uma abertura natural entre os átrios direito e esquerdo do coração, presente no feto durante a gestação. Essa comunicação permite a passagem do sangue entre os átrios, ajudando na circulação antes do nascimento, pois os pulmões ainda não estão funcionando.
De acordo com o cardiologista intervencionista da Rede D’Or Dr. Marden Tebet, todos os bebês têm essa abertura (chamada de forame oval) antes do nascimento para permitir que o sangue desvie dos pulmões, já que o oxigênio é fornecido pela placenta da mãe.
“Após o nascimento, quando os pulmões começam a funcionar, essa abertura normalmente se fecha espontaneamente nos primeiros meses ou anos de vida. No entanto, em cerca de 25% da população, essa abertura não se fecha completamente, caracterizando o forame oval patente”, explica Dr. Tebet, que também é coordenador da Cardiologia Intervencionista da Rede D’Or São Paulo (Hospital Vila Nova Star / Hospital São Luiz – Unidades Morumbi, Itaim e Alphaville / Hospital Brasil – Unidades Santo André e Mauá).
Causas do forame oval patente
O forame oval patente é uma condição congênita, ou seja, está presente desde o nascimento. Sua principal causa é a falha no fechamento do forame oval após o parto, mas os motivos exatos pelos quais isso ocorre ainda não são totalmente compreendidos.
“Não se sabe por que essa abertura não fecha em algumas pessoas, mas acredita-se que a hereditariedade e a genética podem desempenhar um papel”, aponta Dr. Tebet.
Embora o forame oval patente esteja presente desde o nascimento, em muitos casos ele nunca se manifesta clinicamente. No entanto, em alguns indivíduos, pode estar associado a problemas neurológicos e cardiovasculares.
Dr. Tebet destaca que o forame oval patente não pode ser prevenido, mas é importante investigar essa condição caso o indivíduo tenha sofrido um AVC (“derrame cerebral”) sem causa aparente (criptogênico). Assim, é possível obter um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado, se necessário. “Dessa forma, você pode obter tratamento imediato, se necessário para manter seu coração saudável e reduzir o risco de derrame”, alerta.
Sintomas do forame oval patente
“A maioria das pessoas com FOP não apresenta sintomas, por isso é mais frequentemente descoberto ‘incidentalmente’ durante um exame para outro problema”, destaca Dr. Marden Tebet.
Em casos raros, indivíduos com forame oval patente podem apresentar um risco aumentado de um tipo específico de AVC, conhecido como AVC tromboembólico paradoxal.
“Em um AVC paradoxal, um coágulo sanguíneo que se desenvolve em uma veia (geralmente veias das pernas) se solta e viaja para o lado direito do coração. Normalmente, esse coágulo continuaria para os pulmões, mas em alguém com FOP, o coágulo poderia passar pelo orifício para o lado esquerdo do coração. Ele pode então ser bombeado para o corpo, viajar para o cérebro e ficar preso lá, impedindo o fluxo sanguíneo para essa parte do cérebro (AVC)”, explica Dr. Tebet.
A menos que haja outros defeitos, não há complicações de um FOP na maioria dos casos, mas, de acordo com Dr. Tebet, algumas pessoas podem ter:
- falta de ar;
- baixos níveis de oxigênio no sangue arterial quando sentadas ou em pé – condição rara conhecida como platipneia-ortodeoxia.
Como é feito o diagnóstico do forame oval patente?
O forame oval patente (FOP) é detectado por meio de um ecocardiograma, exame de ultrassom do coração. O Dr. Tebet destaca que, como parte do ecocardiograma, o médico também pode fazer um estudo de bolhas.
“Para esse estudo, uma linha intravenosa (IV) que contém solução salina é colocada no braço, causando pequenas bolhas na corrente sanguínea. Se o paciente tem um FOP, essas bolhas seguem para do lado direito para o lado esquerdo do coração e aparecem no ecocardiograma”, esclarece Dr. Marden Tebet.
Tratamento do forame oval patente
O tratamento do FOP depende dos riscos e sintomas apresentados pelo paciente. Em muitos casos, nenhuma intervenção é necessária, e apenas o acompanhamento médico é indicado. “Essa condição não é tratada, a menos que haja outros problemas cardíacos, sintomas ou se a pessoa teve um AVC (“derrame cerebral”) causado por um coágulo sanguíneo no cérebro”, explica Dr. Tebet.
As opções de tratamento incluem:
Medicamentos
“Os medicamentos são utilizados para prevenir coágulos sanguíneos, como aspirina ou varfarina”, relata.
Cateterismo cardíaco
“O tratamento mais efetivo geralmente requer um procedimento chamado cateterismo cardíaco (fechamento percutâneo do forame oval patente), que é realizado por um cardiologista intervencionista treinado para fechar permanentemente o forame oval patente (FOP)”, explica.
Segundo o Dr. Marden Tebet, o procedimento para fechar um FOP é bastante simples, seguro e os riscos são mínimos. Um cateter é usado para guiar um dispositivo especial de fechamento para a área do forame oval patente. O dispositivo se expande, abrindo um “disco” no lado esquerdo e outro no lado direito, ambos indo em direção do defeito e fechando o furo.
Os cuidados pós-operatórios para quem realizou o fechamento do forame oval patente por cateterismo são simples e a recuperação costuma ser rápida. “Nos primeiros dias é importante ficar atento ao local no qual foi feita a punção vascular para o procedimento (em geral é feito na região inguinal, parte superior da perna direita ou esquerda)”, destaca Dr. Marden Tebet, que também aconselha evitar carregar pesos e fazer esforços físicos extenuantes no pós-operatório.
De acordo com o especialista, após 1 a 2 semanas, o paciente já pode voltar às suas atividades normais, se não tiver nenhuma complicação.
“A cirurgia de coração aberto não é mais usada para tratar essa condição, a menos que outra cirurgia esteja sendo realizada. A alternativa menos invasiva e, atualmente indicada, é a oclusão do forame oval patente (cateterismo cardíaco)”, destaca o médico.
Na maioria dos casos, as pessoas passam a vida toda sem ter nenhum problema relacionado a essa comunicação permanente. Em geral a quantidade de sangue que passa pelo FOP é mínima e não causa nenhuma repercussão clínica e nenhum sintoma.
Se você suspeita de forame oval patente ou tem histórico de AVC sem causa aparente, agende uma consulta com um cardiologista D’Or para avaliação e orientação adequadas.