Mixoma Cardíaco: o que é, sintomas, causas e tratamento
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O coração é um dos órgãos mais importantes do corpo humano e, apesar de ser muito resistente, também pode desenvolver doenças raras. Uma delas é o mixoma cardíaco, o tumor benigno mais comum dentro do coração.
O mixoma é responsável por cerca de metade dos tumores benignos do coração em adultos. Ele ocorre com maior frequência em mulheres, geralmente entre os 40 e 60 anos de idade. Em crianças ele é mais raro, representando aproximadamente 15% dos casos.
Mesmo sendo não cancerígeno, o mixoma cardíaco pode trazer riscos sérios à saúde, principalmente porque pode dificultar a passagem do sangue ou soltar fragmentos que viajam pela corrente sanguínea. Continue lendo para entender o que é o mixoma cardíaco, quais os sintomas, as causas e como é feito o tratamento.
O que é Mixoma Cardíaco?
O mixoma cardíaco é um tumor benigno que se desenvolve dentro das cavidades do coração. Segundo o cardiologista Dr. Luiz Felipe Porrio de Andrade, coordenador da unidade de internação da cardiologia do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco – SP, apesar de benigno, o mixoma cardíaco pode causar sérios problemas devido à sua localização dentro das câmaras cardíacas.
Cerca de 75% dos mixomas surgem no átrio esquerdo, a câmara superior do coração. Sendo menos frequente no átrio direito, no ventrículo direito e, por último, no ventrículo esquerdo. “Cerca de 75% a 85% dos mixomas se desenvolvem no átrio esquerdo, mais especificamente na região do septo interatrial, próxima à fossa oval. Mas eles também podem ocorrer, menos frequentemente, no átrio direito, nos ventrículos ou nas válvulas cardíacas”, explica o médico.
Sintomas do Mixoma Cardíaco
Os sintomas do mixoma cardíaco variam conforme o tamanho, a localização e a movimentação do tumor dentro do coração. Mas, de acordo com o Dr. Luiz Felipe Porrio de Andrade, que também é coordenador médico do CEMED Rede D’Or Anália Franco, os sintomas mais comuns incluem:
- Falta de ar (dispneia);
- Desmaios (síncope);
- Dor no peito;
- Tosse persistente;
- Perda de peso inexplicada;
- Febre baixa;
- Sensação de fraqueza e fadiga;
- Embolias (quando partes do tumor se soltam e viajam pela circulação, podendo causar AVC ou isquemia periférica).
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“Se houver sintomas inexplicados de cansaço, desmaios, dor no peito ou falta de ar, especialmente se forem persistentes ou progressivos, é essencial procurar atendimento médico”, aconselha.
Causas do Mixoma Cardíaco
“Na maioria dos casos, o mixoma cardíaco é esporádico, ou seja, sem causa hereditária identificada. No entanto, em cerca de 10% dos casos, pode haver relação com síndromes genéticas, como a síndrome de Carney, uma condição hereditária que pode causar mixomas múltiplos e outros tumores. Nestes casos, a predisposição genética existe”, destaca Dr. Luiz Felipe Porrio de Andrade.
Diagnóstico do Mixoma Cardíaco
O diagnóstico do mixoma cardíaco é geralmente feito por exames de imagem do coração. Os principais são:
- Ecocardiograma transtorácico (ETT): Primeiro exame de escolha;
- Eletrocardiograma (ECG): “Pode mostrar arritmias, mas não detecta o tumor diretamente”, explica Dr. Luiz Felipe Porrio de Andrade;
- Ecocardiograma transesofágico (ETE): Fornece imagens mais detalhadas;
- Ressonância magnética cardíaca (RM): “Útil para avaliar a estrutura e o comportamento do tumor”, ressalta o cardiologista.
- Tomografia computadorizada (TC): Cria imagens detalhadas do interior do corpo usando raios X em diferentes ângulos;
- Tomografia com emissão de pósitrons (PET-CT): Combina imagens metabólicas e funcionais com imagens anatômicas para detectar alterações no corpo.
Muitas vezes, o tumor é descoberto durante a investigação de sintomas inespecíficos, como falta de ar ou palpitações.
Tratamento do Mixoma Cardíaco
“O tratamento padrão é a cirurgia de remoção do tumor, que geralmente é curativa. Não existem tratamentos com medicamentos que eliminem o mixoma”, ressalta o cardiologista.
A cirurgia é realizada com o paciente sob circulação extracorpórea (coração-parado), por meio de abertura do tórax. O tumor é retirado com margem de segurança para evitar recorrência.
“Em geral, o tempo de internação é de 7 a 10 dias, com recuperação completa em 4 a 8 semanas, dependendo do paciente”, aponta o especialista.
Apesar de a cirurgia ser geralmente curativa, existe a possibilidade de o mixoma cardíaco voltar, mas, de acordo com o Dr. Luiz Felipe Porrio de Andrade, a recorrência é rara, ocorre em cerca de 1 a 3% dos casos. A recorrência pode acontecer especialmente em:
- Pacientes com mixoma familiar/genético;
- Quando a remoção não foi completa;
- Casos de mixoma multicêntrico (vários tumores no coração).
Não existe uma forma conhecida de prevenir o surgimento do mixoma cardíaco, já que ele não está relacionado a hábitos de vida ou fatores de risco controláveis, como acontece em outras doenças do coração.
Para pacientes com histórico familiar ou síndromes genéticas são recomendados:
- Avaliação genética;
- Acompanhamento médico regular;
- Exames de imagem periódicos, como ecocardiograma.
Com o diagnóstico precoce e a cirurgia adequada, a maioria dos pacientes tem uma excelente recuperação e qualidade de vida. Se você ou alguém próximo apresenta sintomas como falta de ar, palpitações ou desmaios, agende uma consulta com um cardiologista D’Or.