Síndrome do QT longo e morte súbita: sintomas, diagnóstico e tratamento
Doença altera a atividade elétrica do coração e pode provocar desmaios e até a morte súbita. Diagnóstico se dá pelo eletrocardiograma
Publicado em:
A Síndrome do QT Longo (SQTL) é uma condição cardíaca hereditária ou adquirida que afeta o sistema elétrico do coração, aumentando o risco de arritmias ventriculares graves e, em casos extremos, de morte súbita.
Dados da Fundação Britânica do Coração apontam que a Síndrome do QT Longo é uma doença rara que atinge 1 em cada 2 mil pessoas. Em aproximadamente 1 a cada 10 pessoas com Síndrome do QT Longo, a primeira manifestação da doença é uma parada cardíaca ou até mesmo morte súbita, segundo informações do National Heart, Lung, and Blood Institute.
A Síndrome do QT Longo é uma condição séria, mas que pode ser controlada com o diagnóstico precoce e um tratamento adequado. Continue lendo e saiba o que é a Síndrome do QT Longo, os sintomas, diagnóstico, tratamento e sua associação com a morte súbita.
Síndrome do QT longo: o que é?
O cardiologista Dr. Tayene Quintella, que atua na área de arritmia e eletrofisiologia cardíaca, explica que a Síndrome do QT Longo é uma alteração elétrica cardíaca de origem genética que pode levar a arritmias e a morte súbita.
A doença é marcada por uma anormalidade na condução elétrica do coração. Essa mudança pode ser identificada no eletrocardiograma (ECG) pelo prolongamento do intervalo QT, que mede o tempo entre a contração e o relaxamento dos ventrículos a cada batimento cardíaco.
O intervalo QT representa o tempo que o coração leva para se despolarizar e repolarizar, ou seja, contrair e relaxar. “Esse prolongamento pode predispor o indivíduo a arritmias graves, como a torsades de pointes, que pode levar à síncope (desmaios) e até à morte súbita”, destaca Dr. Quintella, que faz parte da equipe de Arritmias da Rede D’Or São Luiz, no Rio de Janeiro, atuando na parte clínica dos Hospitais Niterói D’Or e Caxias D’Or.
De acordo com o cardiologista, que também compõe a equipe de procedimentos de eletrofisiologia e estimulação cardíaca de toda a Rede D’Or, a Síndrome de QT longo pode ter origem hereditária ou adquirida.
Síndrome de QT longo de forma hereditária:
A condição é causada por mutações genéticas que alteram o funcionamento dos canais iônicos do coração, afetando a condução elétrica. “Existem vários subtipos genéticos conhecidos, sendo os mais comuns os tipos LQT1, LQT2 e LQT3, cada um associado a gatilhos específicos para arritmias”, explica Dr. Tayene Quintella.
Síndrome de QT longo de forma adquirida:
“Geralmente desencadeada por certos medicamentos (antidepressivos, antiarrítmicos, antibióticos, entre outros), distúrbios metabólicos (como baixos níveis de potássio, cálcio ou magnésio) e doenças cardíacas subjacentes”, destaca.
Síndrome do QT Longo e morte súbita
A Síndrome do QT Longo predispõe o coração a arritmias ventriculares potencialmente fatais. Essas arritmias podem impedir o bombeamento eficaz do sangue, levando à parada cardíaca súbita.
O risco de morte súbita é particularmente elevado durante episódios de estresse físico ou emocional, uso de certos medicamentos ou em situações que tornam o coração mais vulnerável, como esforço físico intenso ou mudanças repentinas no ritmo cardíaco.
VEJA MAIS: Como o estresse age sobre o coração
Sintomas da Síndrome do QT longo
Muitos portadores da SQTL podem ser assintomáticos e só descobrirem a condição após exames de rotina ou eventos familiares de morte súbita inexplicada. No entanto, os sintomas mais comuns podem incluir:
– Síncope (desmaio);
– Tonteira;
– Palpitações;
– Parada cardíaca.
Diagnóstico da Síndrome do QT longo
“O diagnóstico da SQTL não é simples, envolve história clínica detalhada do paciente e de seus familiares (busca ativa por eventos índice, como morte súbita inexplicada), associado a exames complementares como o eletrocardiograma (fundamental para rastreio e, por vezes, o primeiro sinal visto em pacientes assintomáticos), teste de esforço, Holter e os testes genéticos direcionados”, destaca Dr. Quintella.
O eletrocardiograma é o principal exame para medir o intervalo QT e detectar seu prolongamento. O teste de esforço pode ser utilizado para avaliar a resposta cardíaca ao exercício e o monitoramento Holter 24 horas registra a atividade elétrica do coração durante um dia inteiro.
O teste genético pode ser realizado para identificar mutações nos genes associados à SQTL congênita, sendo recomendado para familiares de pacientes diagnosticados com a condição.
Tratamento da Síndrome do QT longo
Dr. Tayene Quintella explica que o tratamento da Síndrome do QT longo é amplo, variando de medidas preventivas no dia a dia como:
– Atenção para uso de medicações inapropriadas;
– Restrição a atividades físicas;
– Uso de medicações específicas e direcionadas.
“Além disso, em alguns casos, podem ser indicados tratamentos invasivos como o implante do desfibrilador cardíaco (CDI) ou até mesmo a simpatectomia cardíaca (procedimento que visa diminuir a ação do sistema nervoso simpático – adrenalina – no coração)”, complementa Dr. Quintella.
Se você ou alguém da sua família tem histórico de desmaios inexplicáveis ou casos de morte súbita, agende uma consulta com um cardiologista D’Or para investigação. A prevenção e o acompanhamento médico são fundamentais para garantir a segurança e a qualidade de vida dos pacientes com Síndrome do QT longo.