A atresia tricúspide é uma doença cardíaca congênita rara que afeta a circulação sanguínea e a oxigenação do corpo. Entenda como ela é diagnosticada e quais são as opções de tratamento
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A atresia tricúspide é uma doença cardíaca congênita rara na qual a válvula tricúspide, que normalmente conecta o átrio direito ao ventrículo direito do coração, não se forma adequadamente. Isso impede que o sangue flua corretamente do átrio direito para o ventrículo direito, afetando a circulação sanguínea e a oxigenação do corpo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a atresia tricúspide é a terceira forma de cardiopatia congênita cianótica mais comum, ocorrendo em aproximadamente 10 a cada 1.000 nascidos vivos.
Essa condição requer intervenção médica desde os primeiros dias de vida. Continue lendo e entenda melhor o que é a atresia tricúspide, como é diagnosticada e quais são as opções de tratamento.
A atresia tricúspide é uma condição em que o coração apresenta um defeito congênito, ou seja, está presente desde o nascimento. Nesse caso, a válvula tricúspide, que normalmente permite a passagem do sangue entre duas câmaras do lado direito do coração (o átrio direito e o ventrículo direito), está ausente ou malformada. Isso impede que o sangue flua diretamente entre essas partes.
De acordo com a Dra. Adriana Innocenzi, cardiologista pediátrica e radiologista cardiovascular, essa malformação dificulta o fluxo do sangue do lado direito do coração para o lado esquerdo.
Como resultado, o ventrículo direito (que bombeia o sangue para os pulmões) costuma ser muito pequeno ou pouco desenvolvido. Para compensar, o sangue precisa encontrar outras maneiras de circular, geralmente através de pequenas aberturas chamadas de comunicação interatrial (CIA) ou forame oval pérvio (FOP), que permitem que o sangue passe do átrio direito para o átrio esquerdo.
Muitas vezes, há também um defeito no septo ventricular (CIV), uma abertura entre os ventrículos, que possibilita que o sangue alcance a circulação pulmonar. Essas adaptações ajudam a garantir que o sangue consiga alcançar os pulmões para ser oxigenado, apesar da malformação.
“A atresia tricúspide é um defeito cardíaco congênito raro, com incidência variando de 1 a 3% entre todas as cardiopatias”, afirma Dra. Adriana Innocenzi.
Essa condição ocasiona alterações complexas na anatomia e função cardíaca necessitando intervenções cirúrgicas precoces e frequentemente em estágios para otimizar os resultados do paciente.
Os sintomas da atresia tricúspide variam conforme a gravidade da condição e a presença de outras anomalias cardíacas associadas. Os sinais mais comuns incluem cianose, caracterizada pela coloração azulada da pele, lábios e unhas devido à falta de oxigênio no sangue, queda da saturação de oxigênio, dificuldade de ganho ponderal que se acentuam a partir de 4 a 6 semanas, cansaço às mamadas e sopros cardíacos.
A atresia tricúspide pode ser diagnosticada antes do nascimento através de um ecocardiograma fetal, que permite visualizar as anomalias no coração do bebê. Após o nascimento, a atresia tricúspide é identificada pela presença de cianose e sopro cardíaco. O diagnóstico é confirmado por meio de ecocardiograma e eletrocardiograma.
“O diagnostico inicial de atresia tricúspide é realizado através do exame físico cardiovascular em que são identificados o sopro cardíaco, a saturação reduzida, aumento da frequência cardíaca e da frequência respiratória”, complementa a especialista, que também é doutoranda do ID’Or.
Dra. Adriana ressalta que o tratamento para a atresia tricúspide é realizado em estágios e pode variar de acordo com a apresentação clínica do paciente.
Muitas crianças tratadas podem levar uma vida relativamente normal, embora possam necessitar de acompanhamento médico contínuo e, em alguns casos, restrições a atividades físicas intensas.
De acordo com a especialista, programas de exercícios estruturados e supervisionados, incluindo reabilitação cardíaca, treinamento aeróbico e treinamento de resistência, são benéficos e devem ser encorajados.
“A prática de exercícios tem um impacto positivo na qualidade de vida em pacientes com atresia tricúspide pós-procedimento de Fontan e deve ser incentivada”, afirma a especialista.
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A cardiologista destaca que o acompanhamento médico com o cardiologista pediátrico e posteriormente com o cardiologista é fundamental. Em longo prazo a atresia tricúspide mesmo tratada pode apresentar complicações que impactam na qualidade de vida.
“Sem intervenção cirúrgica, a sobrevivência além do primeiro ano de vida era extremamente baixa, cerca de 10%. Com tratamento cirúrgico, a sobrevida em longo prazo melhorou significativamente, embora continue a depender de fatores individuais do paciente e da presença de anomalias associadas”, alerta.
A atresia tricúspide requer cuidados médicos especializados desde os primeiros dias de vida. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, proporcionando uma melhor chance de desenvolvimento saudável e minimizando os riscos de complicações graves.
Se você suspeita que seu filho possa ter uma anomalia cardíaca, agende uma consulta com um de nossos cardiologistas para avaliação imediata.