Cardiopatia congênita tem cura? Saiba quais os tratamentos disponíveis
Algumas cardiopatias congênitas se resolvem sozinhas. Outras exigem tratamento contínuo, com medicamentos ou cirurgias ao longo da vida.
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O Dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita, celebrado em 12 de junho, é um momento importante para ampliar o conhecimento sobre essa condição que afeta milhares de crianças e adultos no Brasil e no mundo.
Dados do Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que, a cada ano, cerca de 29 mil crianças nascem com cardiopatia congênita no Brasil, e 6% delas infelizmente não chegam ao primeiro ano de vida.
De acordo com a American Heart Association, 1 em cada 100 bebês nasce com cardiopatia congênita no mundo, totalizando cerca de 1,35 milhão de casos por ano.
Mas uma dúvida comum entre familiares e pacientes é se a cardiopatia congênita tem cura. Neste texto, vamos explicar o que é a cardiopatia congênita, quais os tipos mais frequentes, as possibilidades de tratamento e as perspectivas de qualidade de vida. Continue lendo e saiba mais.
O que é cardiopatia congênita?
A cardiopatia congênita é uma alteração na estrutura ou funcionamento do coração que está presente desde o nascimento. De acordo com a coordenadora do Departamento de Cardiopatias Congênitas Biocor Rede D´Or – Belo Horizonte, Dra. Cristiane Martins, a cardiopatia congênita pode surgir ainda nas primeiras semanas de gestação, enquanto o coração do bebê está se formando.
“Em muitos casos, não é possível saber exatamente o que causou a malformação. Mas em outros, ela pode estar relacionada a fatores genéticos — por exemplo, quando os pais também têm alguma cardiopatia congênita”, explica a cardiologista.
A especialista destaca que o surgimento da cardiopatia congênita também pode estar relacionado ao uso de certos medicamentos durante a gravidez, infecções que a mãe teve nesse período ou algumas doenças, como lúpus e diabetes.
Tipos mais comuns de cardiopatias congênitas
As cardiopatias congênitas podem ser classificadas de acordo com sua gravidade, ou seja, pela complexidade da forma de tratamento. De acordo com a Dra. Cristiane Martins, a grande maioria delas são consideradas simples, a exemplo da:
- Comunicação interventricular;
- Comunicação interatrial;
- Persistência do canal arterial.
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Das cardiopatias mais complexas que apresentam uma incidência maior, estão a:
Sintomas da cardiopatia congênita
Os sintomas variam de acordo com o tipo e gravidade da cardiopatia. Nos casos mais leves, a criança pode crescer sem apresentar sinais evidentes. Já nos quadros mais graves, os primeiros sinais aparecem logo após o nascimento.
“Nas cardiopatias congênitas em que há passagem de sangue entre as câmaras do coração — como na comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV) e no canal arterial persistente (PCA) —, os sintomas mais comuns costumam aparecer aos poucos”, explica Dra. Cristiane.
Entre os principais sintomas citados pela médica estão:
- Cansaço ao mamar ou ao fazer esforço;
- Dificuldade para ganhar peso;
- Infecções respiratórias frequentes, como bronquite ou pneumonia.
Já nas cardiopatias mais graves, a cardiologista aponta que o primeiro sinal costuma ser a cianose, que é quando a pele do bebê fica com uma coloração azulada, principalmente nos lábios, mãos e pés. “Isso acontece porque o sangue não está levando oxigênio suficiente para o corpo”, explica.
Diagnóstico da cardiopatia congênita
“A cardiopatia congênita pode — e deve — ser identificada ainda durante a gravidez. O primeiro sinal de alerta costuma aparecer no ultrassom morfológico, que é feito por volta da 20ª semana de gestação”, alerta a especialista.
Se houver qualquer suspeita de alteração no coração do bebê, a gestante deve ser encaminhada para fazer um exame chamado ecocardiograma fetal, feito por um médico especializado em cardiopatias congênitas (cardiologista pediátrico e fetal).
“Esse especialista vai conseguir confirmar o diagnóstico, orientar sobre o melhor tratamento e, nos casos mais graves, planejar o parto em um hospital preparado para receber o bebê com segurança”, destaca Dra. Cristiane.
Após o nascimento, o teste do coraçãozinho, realizado nas primeiras 24 a 48 horas de vida, ajuda a detectar precocemente alterações que exigem investigação. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de uma boa evolução e desenvolvimento saudável.
A cardiopatia congênita tem cura?
Algumas malformações leves podem desaparecer espontaneamente, sem a necessidade de qualquer procedimento, garantindo uma vida normal para o paciente. Outras exigem acompanhamento por toda a vida, com uso de medicações ou múltiplas cirurgias.
“Nas cardiopatias mais complexas, o tratamento geralmente é cirúrgico. E a decisão sobre o melhor momento para a cirurgia depende da avaliação cuidadosa do médico que acompanha a criança”, destaca Cristiane.
De acordo com a especialista, em algumas cardiopatias congênitas a primeira cirurgia não é definitiva. “Isso acontece principalmente nos casos mais complexos, em que a correção é feita por etapas, acompanhando o crescimento da criança. Em outros casos, pode ser necessário trocar próteses ou ajustar o que foi feito anteriormente, causado pelo crescimento da criança”, diz a cardiologista.
É importante que todo esse processo seja planejado e acompanhado de perto pela equipe médica. “O objetivo é sempre garantir a melhor qualidade de vida possível para a criança em cada fase do seu desenvolvimento”, ressalta.
Tratamentos para cardiopatias congênitas
O tratamento da cardiopatia congênita pode envolver diferentes abordagens. “As opções de tratamento nos dias atuais são muito amplas. Alguns casos podem ser tratados por meio de um procedimento menos invasivo, chamado cateterismo cardíaco — feito na hemodinâmica”, diz Dra. Cristiane Martins.
Entretanto, nem toda cardiopatia congênita precisa de cirurgia. Em alguns casos, principalmente nas malformações mais leves, pode acontecer uma melhora espontânea, sem a necessidade de qualquer procedimento.
Para alguns casos de comunicação interatrial, estreitamentos de válvulas (estenoses), e persistência do canal arterial, o cateterismo cardíaco pode ser indicado.
“Já nas cardiopatias mais complexas, o tratamento geralmente é cirúrgico. E a decisão sobre o melhor momento para a cirurgia depende da avaliação cuidadosa do cardiologista pediátrico”, destaca Dra. Cristiane.
Falar em “cura” pode não ser o mais adequado em todos os casos, mas, sim, em controle e tratamento eficaz, que permitem uma boa qualidade de vida. Crianças com cardiopatia congênita podem ter uma vida normal após o tratamento.
“O objetivo do tratamento, seja da cardiopatia simples como das mais graves, é devolver à criança a possibilidade de uma vida normal. O acompanhamento vai depender do tipo de cardiopatia. Nossa recomendação é que crianças com diagnóstico de uma cardiopatia tenham sempre um especialista apto a acompanhar e esclarecer as dúvidas mesmo nos casos mais simples. Esse especialista está apto a acompanhar o paciente desde a vida fetal até a vida adulta. A partir daí, o médico vai orientar quais são os cuidados específicos para cada tipo de cardiopatia”, orienta a Dra. Cristiane Martins.
Segundo a especialista, os cuidados podem incluir:
- Restrições a alguns tipos de atividades físicas;
- Uso de medicações;
- Alimentação adequada;
- Atenção aos sinais de alerta.
“Cada caso é diferente, por isso o acompanhamento personalizado é fundamental”, complementa.
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Quando os pais devem procurar um cardiologista pediátrico?
Alguns sinais que merecem atenção incluem:
- Cansaço excessivo ao mamar ou ao brincar;
- Dificuldade para ganhar peso;
- Respiração acelerada ou difícil;
- Suor em excesso mesmo em repouso;
- Infecções respiratórias frequentes (como pneumonias ou bronquites);
- Coloração azulada nos lábios, mãos ou pés (cianose).
“Caso qualquer um desses sintomas apareça, é importante procurar um cardiologista pediátrico para avaliação”, alerta.
Mesmo após a correção cirúrgica ou tratamento na infância, alguns adultos com cardiopatia congênita podem desenvolver complicações mais tarde, como arritmias, problemas nas válvulas cardíacas ou necessidade de novos procedimentos. “Por isso, é muito importante que esse acompanhamento continue na vida adulta, com um cardiologista especializado em cardiopatias congênitas do adulto”, complementa a especialista.
Notou algo diferente no seu bebê? Ou tem cardiopatia e precisa de acompanhamento? Seu coração merece atenção em todas as fases da vida. Agende uma consulta com um cardiologista D’Or.
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