Aneurisma da aorta: entenda os riscos e quando opera

O aneurisma da aorta é uma condição grave que pode evoluir silenciosamente e colocar a vida do paciente em risco se não for diagnosticado e tratado a tempo. Muitas vezes, ele não causa sintomas até atingir estágios avançados, quando a ruptura pode ser fatal.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular aponta que a prevalência do aneurisma da aorta chega a 2% na população geral acima de 50 anos, aumentando para 5% entre homens com mais de 70 anos. O risco é ainda maior entre irmãos de pessoas diagnosticadas com a doença, chegando a 20%.

Reconhecer os fatores de risco, ficar atento aos possíveis sintomas e saber quando a cirurgia é indicada são passos fundamentais para evitar complicações e preservar a vida. Continue lendo e entenda.

O aneurisma da aorta é uma dilatação anormal da parede da aorta, maior vaso sanguíneo do corpo humano, responsável por levar o sangue do coração para o resto do corpo. Essa dilatação pode ocorrer em diferentes partes da aorta, seja na região do peito (aorta torácica) ou na barriga (aorta abdominal), e cada uma traz riscos distintos à saúde.

De acordo com dados publicados na revista Angiologia e Cirurgia Vascular, publicação da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, o aneurisma da aorta abdominal é mais comum do que o aneurisma da aorta torácica. O aneurisma da aorta abdominal afeta de 4% a 7% dos homens e cerca de 1% das mulheres com mais de 50 anos. Entre os homens acima dos 55, o aneurisma da aorta representa a 10ª principal causa de morte.

Segundo o cirurgião cardiovascular da Rede D’Or São Paulo e coordenador cirúrgico do Transplante Cardíaco em São Paulo, Dr. Samuel Steffen, o aneurisma de aorta é caracterizado por uma dilatação do vaso superior a 50% do seu diâmetro habitual. Quando a parede da aorta se enfraquece e se expande além do seu tamanho normal, aumenta o risco de rompimento, o que pode causar uma hemorragia interna grave e, muitas vezes, levar à morte.

Algumas condições e hábitos aumentam significativamente a chance de desenvolver um aneurisma da aorta. Entre os principais fatores de risco estão:

• Doenças congênitas como Síndrome de Marfan e Síndrome de Loeys-Dietz,

• Hipertensão arterial sistêmica;

• Tabagismo;

• Doença aterosclerótica.

“Enquanto o tamanho do aneurisma não é suficiente para comprimir estruturas orgânicas adjacentes, a maioria dos aneurismas são assintomáticos. Em relação ao aneurisma de aorta ascendente, a dor torácica é o principal sinal de alarme”, destaca o especialista, que também é coordenador de equipe dos Hospitais São Luiz Itaim, Morumbi e Vila Nova Star.

O exame padrão ouro para o diagnóstico do aneurisma da aorta e para definição da melhor forma de tratamento é a angiotomografia da aorta. Esse exame de imagem permite visualizar com precisão a localização, o tamanho e a extensão da dilatação, sendo essencial para o planejamento médico.

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“O diagnóstico precoce e o tratamento eletivo conseguem evitar as complicações graves como dissecção de aorta ou rotura de aorta, as quais têm altas taxas de mortalidade e morbidades relacionadas”, ressalta Dr. Steffen.

A indicação de cirurgia para correção do aneurisma da aorta leva em conta diversos fatores, como o tamanho do aneurisma, velocidade de crescimento e presença de sintomas.

Segundo o Dr. Samuel Steffen, em pacientes sem doenças genéticas associadas, o tratamento da aorta torácica ascendente é indicado quando o diâmetro do vaso atinge 5 cm ou mais. Para pacientes que já precisarão passar por outros procedimentos cardíacos, a recomendação é considerar a cirurgia a partir de 4,5 cm de diâmetro.

O risco de ruptura aumenta quando existem doenças associadas, como síndromes genéticas. “De forma geral, aneurismas acima de 4,5 cm e, principalmente 5,0 cm, necessitam de avaliação cirúrgica”, alerta o especialista.

O tipo de cirurgia indicada varia conforme a localização do aneurisma. As duas principais abordagens são: cirurgia aberta, que pode exigir a abertura total ou parcial do tórax, e a cirurgia endovascular, minimamente invasiva. “A cirurgia para a correção eletiva do aneurisma de aorta torácica é de baixíssima mortalidade e morbidade, além de ser altamente resolutiva”, destaca.

“Quando é de aorta torácica ascendente, raiz aórtica ou alguns casos de arco aórtico, a cirurgia para correção envolve a abertura parcial ou total do esterno e o estabelecimento da circulação extracorpórea. Aneurismas de aorta torácica descendente e abdominal normalmente podem ser tratados com a utilização de próteses posicionadas de forma percutânea”, explica o especialista.

Em outras palavras, quando o aneurisma está na parte inicial da aorta, próxima ao coração, como na aorta torácica ascendente, raiz da aorta ou em alguns casos do arco aórtico, a cirurgia costuma ser mais complexa. Nesse caso, é necessário abrir o osso do peito (esterno) e usar uma máquina de circulação extracorpórea, que assume a função do coração e dos pulmões durante o procedimento.

Já quando o aneurisma está mais abaixo, como na aorta torácica descendente ou aorta abdominal, o tratamento costuma ser menos invasivo. Nesses casos, geralmente se usa uma prótese colocada por dentro do vaso, através de um cateter inserido pela virilha, técnica conhecida como cirurgia endovascular.

“Casos realizados de forma eletiva possuem uma recuperação convencional de uma cirurgia cardíaca, o que envolve 2 a 3 dias de UTI, mais 3 ou 4 dias de internação hospitalar. A recuperação é muito favorável, permitindo o retorno para as atividades habituais de forma rápida. O procedimento cirúrgico é altamente resolutivo, com segurança”, garante o médico.

Dr. Steffen destaca que quem já passou por cirurgia de aneurisma deve manter um acompanhamento médico contínuo. “O acompanhamento cardiológico de rotina deverá ser feito em todos os casos”, aponta.

A melhor forma de prevenir o aneurisma da aorta ou de evitar sua progressão é através do diagnóstico precoce e acompanhamento médico regular. Pacientes com fatores de risco devem realizar exames de rastreamento, especialmente homens fumantes com mais de 65 anos.

“Pacientes com familiares com doenças genéticas sabidamente relacionadas à presença de aneurismas necessitam ser investigados e acompanhados”, complementa Dr. Steffen.

Fatores de risco como tabagismo, diabetes e hipertensão arterial podem ser controlados com hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas. Essas mudanças no estilo de vida ajudam a reduzir os riscos e a proteger a saúde cardiovascular como um todo.

Se você tem fatores de risco ou histórico familiar de aneurisma, não espere os sintomas aparecerem. Agende uma consulta com um cardiologista D’Or e faça o acompanhamento preventivo.