Exercício físico após um problema cardíaco: tire suas dúvidas
Quando realizada com acompanhamento médico, a prática de exercício físico pode trazer diversos benefícios, como melhora da circulação, fortalecimento do músculo cardíaco e redução do risco de novos eventos cardiovasculares.
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O exercício físico é um grande aliado da saúde do coração, mas após um problema cardíaco, muitas dúvidas surgem sobre quando e como voltar a se exercitar com segurança. No Dia Mundial da Atividade Física, celebrado em 06 de abril, reforçamos a importância do exercício na recuperação e na qualidade de vida de pacientes cardíacos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo pode afetar a saúde de 500 milhões de pessoas até 2030, aumentando o risco de doenças cardíacas, obesidade, diabetes e outras condições não transmissíveis.
A OMS ainda destaca que a prática regular de atividade física desempenha um papel essencial na prevenção e no controle dessas doenças, incluindo problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e diversos tipos de câncer.
A prática de exercício físico é um grande passo para uma vida mais saudável, inclusive para quem já enfrentou problemas cardíacos. Continue lendo e tire suas dúvidas sobre quando voltar a praticar exercícios e quais os exercícios mais indicados.
Quem teve um problema cardíaco pode praticar exercícios?
Após um evento cardíaco ou o diagnóstico de uma condição cardíaca, é comum que surjam dúvidas e receios sobre a prática de exercícios físicos. No entanto, a resposta é sim! Com a orientação adequada, a atividade física pode ser segura e trazer benefícios significativos para a saúde do coração.
Coordenador do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas – Rede D’Or, de Aracaju (SE), Dr. Antônio Carlos Sobral Sousa explica que o exercício físico constitui uma das formas mais eficazes de prevenção e de tratamento das doenças cardiovasculares. Todavia, é importante que o paciente seja submetido a uma avaliação de pré-participação, feita, preferencialmente por um cardiologista.
“Nela serão avaliadas: a condição clínica do paciente; a presença de fatores de risco cardiovascular; a ocorrência de comorbidades; a necessidade de realização de exames complementares; a precisão de supervisão durante o treinamento e, finalmente, realizada a prescrição do exercício, para que seja seguro e eficaz”, destaca.
Quando realizada com acompanhamento médico, a prática de atividades físicas pode trazer diversos benefícios, como melhora da circulação, fortalecimento do músculo cardíaco e redução do risco de novos eventos cardiovasculares.
Quais os benefícios do exercício físico após um problema cardíaco?
A Dra. Milena Barros, coordenadora da Residência de Cardiologia do Hospital São Lucas – Rede D’Or, de Aracaju, ressalta que o exercício físico desempenha papel importante na recuperação e reabilitação do coração, especialmente após a ocorrência de eventos, tais como, infarto agudo do miocárdio (IAM), cirurgias cardíacas ou outras condições do sistema cardiovascular.
De acordo com a especialista, no pós-infarto, por exemplo, a prática regular de exercício físico promove:
– Redução da mortalidade cardiovascular;
– Menos reinternação hospitalar;
– Recuperação mais rápida do paciente.
Ainda de acordo com a Dra. Milena, a prática regular de exercício físico também auxilia no:
– Controle da pressão arterial;
– Gerenciamento do colesterol;
– Regulação da glicemia;
– Equilíbrio do peso corporal;
– Redução da incidência, tanto do IAM como do acidente vascular cerebral (AVC).
“O exercício físico melhora, ainda, a aptidão cardiorrespiratória, saúde física e mental, promovendo, portanto, melhora na qualidade de vida e permitindo maior independência para retorno às suas atividades habituais”, afirma a Dra. Milena Barros, que também é diretora científica do Grupo de Estudos de Reabilitação Cardiopulmonar do Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DERC/SBC).
Quando retomar a prática de exercícios após um evento cardíaco?
O retorno às atividades deve ser orientado pelo médico, com uma abordagem progressiva e supervisionada. Em muitos casos, a reabilitação cardíaca , um programa que combina exercícios monitorados e educação para uma vida saudável, é recomendada.
Dr. Sousa afirma que o tempo pode variar de acordo com o tipo de cirurgia cardíaca, a gravidade do IAM e a condição clínica do paciente. “A recuperação é um processo progressivo, sendo recomendado o acompanhamento tanto pelo cardiologista como pelo fisioterapeuta. Vale ressaltar, todavia, que a reabilitação cardiopulmonar deve ser iniciada ainda na fase intra-hospitalar, geralmente 72 horas após o evento, na decorrência de estabilidade do quadro clínico”, ressalta.
Após alta hospitalar, Dr. Sousa relata que o paciente deverá ser encaminhado, idealmente, para um serviço de reabilitação cardiopulmonar para melhor orientação e acompanhamento dos exercícios físicos, principalmente nos três primeiros meses.
“O ideal é o paciente ser avaliado e acompanhado por um cardiologista, preferencialmente conhecedor da área da cardiologia do exercício, para que a condução e a progressão da intensidade dos exercícios sejam feitas com eficácia e segurança, visando alcançar os resultados desejados e minimizar eventos indesejáveis”, complementa Dra. Milena.
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Quais exercícios são indicados para pacientes cardíacos?
Dr. Sousa orienta sobre a importância de todo paciente realizar exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, seguindo orientações médicas e de forma supervisionada e gradual.
“O tipo ideal do exercício dependerá da condição clínica, do tempo após o evento, do nível de aptidão cardiorrespiratória, da presença de limitação osteoarticular, entre outros fatores”, afirma o professor titular do Departamento de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe.
Do ponto de vista aeróbico, os exercícios mais praticados, são:
– Caminhada,
– Ciclismo,
– Natação
– Dança.
Já para o fortalecimento muscular, têm sido preconizados:
– Uso de faixas elásticas;
– Uso de pesos e até o próprio peso corporal.
“Os exercícios de alongamento e posturais, como pilates e ioga, também são importantes para o coração”, complementa Dr. Sousa.
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O tipo e a intensidade do exercício variam de acordo com o histórico de cada paciente. “São orientados exercícios aeróbicos de moderada intensidade, no mínimo 150 minutos por semana (cinco sessões de 30 min), e de fortalecimento muscular, duas vezes na semana. A progressão da intensidade do exercício deve ser gradual, de acordo com a melhora da aptidão cardiorrespiratória do paciente e estabilidade da doença”, explica Dr. Antônio Sousa.
A prática regular de exercícios físicos pode ajudar a reduzir, significativamente, o risco de um novo evento cardíaco, especialmente para aqueles que já sofreram um IAM. “Os exercícios físicos permitem a estabilidade da doença, reduzindo a chance de eventos futuros. A melhora da condição aeróbica, constatada pelo consumo máximo de oxigênio, já está comprovada como um importante marcador de sobrevida”, aponta Dr. Sousa.
É necessário fazer algum exame antes de iniciar os exercícios?
De acordo com a Dra. Milena Barros, a indicação dos exames complementares dependerá da idade do paciente, da presença de fatores de risco ou de doença cardiovascular, do tipo e da intensidade da prática do exercício físico, seja ele amador ou profissional, por lazer ou competição e também a depender da presença de sintomas.
A médica lista alguns exames que podem ser indicados antes de iniciar os exercícios:
Eletrocardiograma:
O eletrocardiograma é um exame de baixo custo e importante na avaliação cardiológica, que permite a identificação de algumas doenças cardiovasculares, que aumentam o risco de morte súbita.
Teste cardiopulmonar de exercício ou teste ergométrico:
O teste ergométrico é fundamental para a prescrição individualizada e para a segurança do paciente.
“Outros exames, como ecocardiograma transtorácico, Holter de 24 horas, ressonância magnética cardíaca e angiotomografia de coronárias, poderão ser solicitados, caso necessário”, complementa Dra. Milena.
Dicas para ser mais ativo e treinar com segurança
Procure ser ativo até nas pequenas tarefas diárias. Encare o exercício físico como um remédio eficaz, prazeroso e de baixo custo, e não como uma obrigação chata que precisa ser cumprida. Lembre-se que esse autocuidado certamente lhe trará melhor qualidade de vida e promoverá redução da incidência de doenças cardiovasculares.
“Pare, reflita, olhe ao seu redor e se pergunte: Como eu quero envelhecer? Adicione vida aos seus anos. Viva com qualidade!”, aconselha Dr. Sousa.
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Durante o treino, o exercício deve ser interrompido, caso apareçam sintomas como:
– Falta de ar desproporcional ao exercício;
– Tontura;
– Sudorese fria;
– Dor torácica;
– Síncope (desmaio);
– Qualquer manifestação diferente do habitual.
“Diante dessas situações, o paciente deve procurar, sem demora, auxílio médico”, alerta Dr. Sousa.
Se você tem dúvidas sobre como retomar os exercícios após um problema no coração, agende uma consulta com um cardiologista D’Or e inicie sua jornada com segurança.
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