Saiba os principais fatores de risco e sintomas da insuficiência cardíaca, condição em que o coração não consegue bombear sangue suficiente para suprir as demandas do corpo.
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A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo. O paciente se cansa com facilidade e há retenção de líquido, o que leva ao crescimento e dilatação do coração.
Pressão alta (hipertensão), aterosclerose e infarto do miocárdio (“ataque cardíaco”), condições familiares, doença de Chagas e problemas nas valvas são as principais causas de insuficiência cardíaca. O diagnóstico precoce e o tratamento correto podem evitar as complicações da doença.
De acordo com a Rede Brasileira de Insuficiência Cardíaca (Rebric), a insuficiência cardíaca acomete mais de 26 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) apontam que há 3 milhões de pacientes com insuficiência cardíaca no país.
Ainda segundo a Rebric, 1 a cada 25 dos pacientes não sobrevive à primeira hospitalização decorrente da insuficiência cardíaca, 1 a 10 pacientes morrerão no período de 30 dias seguintes à hospitalização, até 30% dos pacientes morrerão no período de 1 ano e metade de todos os pacientes hospitalizados morrerá em até 5 anos.
Em celebração ao Dia Nacional de Alerta contra a Insuficiência Cardíaca (09 de julho), vamos apresentar os principais fatores de risco para a insuficiência cardíaca e os sintomas que podem indicar a presença dessa condição. Continue lendo para obter informações valiosas sobre esse assunto.
Quando o coração não consegue bombear sangue de forma eficiente para o corpo, ocorre uma redução no fluxo sanguíneo para os órgãos e tecidos do corpo. Em resposta a essa situação, o organismo ativa mecanismos de compensação, incluindo a retenção de sal e líquidos.
Segundo a Dra. Jacqueline Sampaio S. Miranda, coordenadora da cardiologia no Hospital CopaStar, no Rio de Janeiro, os sinais e sintomas acontecem em consequência dessa retenção. Essa retenção excessiva de líquidos pode levar:
Embora não seja possível prever com exatidão qual paciente tem mais probabilidade de desenvolver insuficiência cardíaca, estar ciente dos fatores de risco e buscar um tratamento precoce são estratégias importantes para o controle e a prevenção da doença.
Dra. Jacqueline elenca 10 fatores de risco para insuficiência cardíaca:
Quando o paciente tem pressão alta, o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue. No início, isso pode levar ao aumento de espessura do músculo cardíaco, uma condição chamada hipertrofia. O coração espessado não consegue acomodar bem o sangue que está passando, e isso reduz sua capacidade de bombeamento e o paciente desenvolve insuficiência cardíaca.
Com o tempo, essa sobrecarrega enfraquece as fibras do músculo cardíaco, reduzindo, assim, a força de contração do coração, o que agrava a insuficiência cardíaca;
“O infarto do miocárdio ocorre quando há uma interrupção de fluxo sanguíneo para uma determinada área do coração; as células dessa área afetada morrem e com isso o coração perde a força da sua contração”, explica a especialista, que também é chefe do Departamento de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Instituto Nacional de Cardiologia (INC).
As artérias coronárias levam sangue para o músculo cardíaco e a causa mais comum de obstrução é a aterosclerose, as placas de gordura dentro das artérias.
Há dois tipos de problemas comuns na valva. O primeiro, quando elas não abrem de modo adequado para a passagem do sangue, a chamada estenose. É mais comum nas valvas aórtica e mitral e pode ser consequência de febre reumática, calcificação pela idade ou problemas congênitos.
O segundo problema é quando as válvulas não fecham e com isso deixam passar sangue na direção contrária ao fluxo correto. É a chamada insuficiência, e é comum nas valvas mitral, aórtica e tricúspide.
Tanto a estenose como a insuficiência valvar sobrecarregam as fibras musculares, que se espessam e com o tempo perdem a força de contração, desencadeando a insuficiência cardíaca.
“As válvulas fazem parte da estrutura do coração e quando estão danificadas geram sobrecarga às fibras cardíacas”, descreve.
A cardiomiopatia é caracterizada pelo comprometimento do músculo cardíaco gerando redução de sua capacidade de contração ou relaxamento. Segundo Dra. Jacqueline, ela pode ser causada por inúmeros fatores. “No Brasil, por exemplo, a doença de Chagas é um fator bastante comum para o desenvolvimento da cardiomiopatia. Nesse caso o parasita causador da doença danifica as fibras do coração tornando suas paredes frágeis e com redução de força”, destaca.
De acordo com a médica, a cardiomiopatia hipertrófica é a forma de cardiomiopatia de origem genética mais comum. A principal característica dessa condição é a hipertrofia ventricular esquerda: o músculo cardíaco começa aumentando sua espessura, sua massa muscular. Um coração duro não acomoda o sangue que está passando por ele e passa a ter dificuldade para bombeá-lo. Além disso, com o tempo essa musculatura se enfraquece de modo mais precoce e mais acentuado e a força de contração reduz ainda mais.
“Acredita-se que a insuficiência cardíaca tenha origem familiar em 20-30% dos casos. Isso ainda é fruto de investigação e no Brasil um grande estudo populacional está em andamento para avaliar a incidência no nosso meio”, atesta a especialista.
“O diabetes deixa o sistema cardiovascular vulnerável podendo trazer consequências nos vasos sanguíneos, aumentando as chances de infarto do miocárdio, além de poder comprometer o músculo cardíaco,” relata Dra. Jacqueline.
O álcool aumenta o risco de arritmias, principalmente a fibrilação atrial, o que pode também pode provocar enfraquecimento do coração.
“O consumo exagerado de álcool danifica as fibras cardíacas levando ao seu enfraquecimento e dilatação”, afirma a médica.
“A anemia grave pode deixar o coração acelerado, comuma demanda de trabalho maior levando ao consumo de nutrientes de maneira excessiva e exaustão. Esse subtipo é denominado insuficiência cardíaca de alto débito, quando o coração cansa de bater”, descreve.
“Também chamada de arritmia, a irregularidade do ritmo cardíaco faz com que o coração perca sua sincronia, além de poder bater acelerado. Essas alterações levam à exaustão do músculo, gerando insuficiência cardíaca”, aponta a médica.
10 – Quimioterapia
“Alguns agentes quimioterápicos podem lesionar as fibras do coração comprometendo sua capacidade de contrair. Essa complicação guarda relação com os tipos de medicações utilizadas, doses e com fatores de risco de quem recebe; logo, o acompanhamento cardíaco durante a quimioterapia é de fundamental importância para a prevenção”, alerta.
A prevenção da insuficiência cardíaca envolve a adoção de um estilo de vida saudável e o controle dos fatores de risco modificáveis. Dra. Jacqueline recomenda:
“Em caso de hipertensão e diabetes, manter o controle dessas patologias reduz muito o risco de desenvolver insuficiência cardíaca com o passar dos anos”, destaca.
O diagnóstico da insuficiência cardíaca geralmente envolve uma combinação de exames clínicos, como histórico médico, exame físico, testes de função cardíaca e ainda análise de sintomas.
“Existem diversos exames complementares que tanto ajudam a fazer o diagnóstico como a definir melhor a causa, entre eles o ecocardiograma é o mais disponível e bastante completo no auxílio diagnóstico”, aponta a médica.
Os exames mais utilizados são o exame de sangue, como hemograma, função renal e dois biomarcadores de lesão cardíaca: a troponina e o BNP, ou peptídeo natriurético cerebral. Entre as imagens, o eletrocardiograma e a radiografia de tórax podem ser pedidos inicialmente, mas é o ecocardiograma o exame mais utilizado para avaliar a força do coração. Em casos selecionados, outros exames como ressonância magnética podem ser necessários.
O tratamento da insuficiência cardíaca é individualizado, baseado nas necessidades e características de cada paciente. “A depender do modelo de insuficiência cardíaca, o tratamento pode variar, mas a terapia medicamentosa é disparada a mais apropriada, passando em alguns casos pela cirurgia, uso do marca-passo e até mesmo o transplante cardíaco”, conclui a especialista.
Não há um único medicamento capaz de tratar toda a doença. O médico avaliará sua condição e é provável que sejam necessários três ou quatro medicamentos para ajudar o coração a recuperar sua força. É muito importante que o paciente tome a medicação de modo regular como foi prescrito, pois só assim o remédio terá concentração e tempo suficientes no organismo para fazer o efeito desejado.
Se você apresenta algum dos sintomas de insuficiência cardíaca ou possui fatores de risco, não hesite em buscar ajuda médica.
Agende sua consulta com um dos cardiologistas da Rede D’Or para uma avaliação completa e diagnóstico preciso.