Câncer de mama avançado e doença cardiovascular: entenda os riscos e cuidados
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O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para 2025 é de 75 mil novos casos no país. Embora os avanços no diagnóstico e no tratamento tenham aumentado a sobrevida das pacientes, os efeitos colaterais das terapias oncológicas sobre o coração e o sistema cardiovascular são um novo desafio.
Neste Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização e prevenção do câncer de mama, é fundamental reforçar não apenas a importância do diagnóstico precoce, mas também os cuidados integrados com a saúde cardiovascular das pacientes, especialmente nos casos de câncer de mama avançado.
O câncer de mama avançado exige atenção especial não apenas para o controle da doença, mas também para a prevenção e o manejo de complicações cardiovasculares. O acompanhamento conjunto entre oncologistas e cardiologistas garante mais segurança, qualidade de vida e longevidade para as pacientes. Continue lendo e entenda os riscos e cuidados.
O que é câncer de mama avançado?
O câncer de mama avançado pode se referir a tumor localmente avançado, quando já atingiu estruturas próximas da mama, como pele, músculos ou linfonodos. O câncer metastático, quando a doença se espalhou para outros órgãos, como ossos, fígado, pulmão ou cérebro.
Nesses estágios, o tratamento geralmente inclui quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal e terapias-alvo, que podem trazer benefícios importantes, mas também acarretam riscos cardiovasculares.
Qual é a relação entre câncer de mama e doenças cardiovasculares?
Dr. Rodrigo Batista Rocha, cardio-oncologista da Rede D’Or Anália Franco e Villa Lobos em São Paulo – SP, explica que existe relação entre câncer de mama e doença no coração. “Os motivos vão desde os efeitos colaterais dos tratamentos no coração, a presença de comorbidades, o estado inflamatório que o câncer causa e também a falta de atividade física durante o curso do tratamento, fazendo com que a chance de doença cardiovascular seja ainda maior”, diz.
Pacientes com câncer de mama, especialmente em estágios avançados, estão mais vulneráveis a desenvolver cardiotoxicidade, um conjunto de efeitos adversos dos tratamentos sobre o coração.
Os principais riscos incluem insuficiência cardíaca, arritmias, hipertensão arterial e doença arterial coronariana. Isso ocorre porque alguns medicamentos utilizados no tratamento podem danificar as células cardíacas. A radioterapia na região do tórax também pode aumentar o risco de complicações no coração em longo prazo.
“A quimioterapia pode causar lesão no músculo cardíaco, o que pode acarretar arritmias e insuficiência cardíaca grave. A radioterapia pode acelerar o surgimento de placa de gordura nas artérias coronárias, os vasos que irrigam o coração. A imunoterapia pode causar uma inflamação no coração e o uso de bloqueadores hormonais pode aumentar a chance de tromboses”, destaca Dr. Rodrigo Batista Rocha, que também atua como cardiologista e médico intensivista da unidade coronariana da Rede D’Or Anália Franco.
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Fatores que aumentam o risco cardiovascular em pacientes com câncer de mama
Além dos efeitos do tratamento, alguns fatores podem potencializar os riscos, como idade acima de 60 anos, histórico de hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade e histórico familiar de doenças cardiovasculares.
“O envelhecimento, independentemente de ter câncer ou não, já aumenta o risco de doença cardiovascular. As mulheres mais idosas são mais hipertensas e diabéticas, por exemplo, o que aumenta a chance de efeitos colaterais dos tratamentos do câncer”, explica Dr. Rodrigo Batista Rocha.
Além disso, a obesidade, a hipertensão não controlada, o diabetes não compensado, o sedentarismo, o uso do cigarro e até mesmo pacientes que já tiveram histórico de infarto são os fatores que mais aumentam a chance de problemas cardíacos durante o tratamento oncológico.
Alguns sinais podem indicar que o coração está sendo afetado durante o tratamento do câncer. De acordo com o Dr. Rocha, muitas vezes sintomas comuns como fadiga, cansaço e indisposição podem estar presentes no tratamento e confundem como sendo os efeitos colaterais.
“Muitas pacientes podem apresentar falta de ar e inchaço nos pés. Esses são alguns sinais que podem indicar os efeitos colaterais do tratamento no coração. Mas não somente. Arritmias, dor no peito e hipertensão arterial podem também indicar o acometimento do coração devido ao tratamento oncológico”, alerta.
Cuidados essenciais para proteger o coração no tratamento do câncer de mama
A cardio-oncologia integra cuidados oncológicos e cardiológicos e nessa especialidade é possível fazer muitas coisas para reduzir o risco de complicações. “Muitas vezes as pacientes não sabem que são hipertensas, diabéticas, que estão com o colesterol elevado ou alguma arritmia, e só pelo fato de tratarmos todos esses fatores elas já estarão muito mais protegidas dos efeitos colaterais dos tratamentos”, ressalta Dr. Rocha.
O cardio-oncologista têm um papel essencial em estimar o risco de complicações dos tratamentos de forma individualizada e também de planejar a monitorização da saúde cardiovascular durante o tratamento oncológico. “O seguimento com cardio-oncologista regular aumenta a chance de identificar alterações que podem ser tratadas antes de intercorrências mais graves e dessa forma reduzir as interrupções do tratamento do câncer”, explica o especialista.
“Podemos monitorar o coração inicialmente com exames de sangue e com o ecocardiograma, o famoso “ultrassom do coração”. São exames simples, de baixo custo e com fácil acesso em todas as unidades da Rede D’Or. A depender do caso, outros exames podem ser solicitados, que vão desde tomografias, ressonâncias ou até mesmo cateterismo cardiaco”, complementa.
Os principais cuidados essenciais para proteger o coração no tratamento do câncer de mama incluem:
- Avaliação cardíaca antes de iniciar o tratamento contra o câncer;
- Acompanhamento regular durante e após as terapias;
- Controle rigoroso da pressão arterial, glicemia e colesterol;
- Adoção de hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, prática de atividade física, não fumar e moderar o consumo de álcool;
- Uso de medicamentos cardioprotetores quando necessário, conforme orientação médica.
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“Reduzir o consumo de álcool e cessar o tabagismo são medidas obrigatórias durante o tratamento. Além disso, diversos estudos mostram o grande benefício da atividade física regular durante o tratamento. As pacientes que não são sedentárias têm menos efeitos colaterais da quimioterapia, ficam mais dispostas, têm menos ganho de peso, melhoram humor e qualidade do sono. Isso sem contar a redução de risco cardiovascular. Combater o sedentarismo durante o tratamento do câncer é uma medida essencial”, destaca.
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Durante o Outubro Rosa, o foco está no diagnóstico precoce do câncer de mama, com ênfase no autoexame, consultas regulares e realização da mamografia conforme a faixa etária e o histórico familiar.
No entanto, é importante ampliar essa conscientização para a saúde integral da mulher. Isso significa olhar não apenas para o câncer, mas também para outros fatores de risco, como as doenças cardiovasculares, que continuam sendo a principal causa de morte entre mulheres no Brasil.
Além de cuidar da prevenção do câncer de mama, cuide também do seu coração. Agende sua consulta com um cardiologista D’Or e tenha um acompanhamento completo e seguro para a sua saúde.