Como controlar a pressão arterial em momentos de estresse: dicas para proteger seu coração
Publicado em:
A pressão arterial é um dos principais indicadores da saúde do coração. Em momentos de estresse e agitação, é comum que ela se eleve temporariamente em uma resposta natural do corpo. O problema ocorre quando o estresse é constante: a pressão alta pode deixar de ser passageira e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
Um estudo publicado na revista Psicologia em Estudo observou que metade dos pacientes com hipertensão arterial apresenta sintomas de estresse, ansiedade ou depressão. Já uma pesquisa no International Journal of Hypertension apontou que a ansiedade é mais comum em pessoas com pressão alta, e as duas condições frequentemente aparecem juntas.
Mas, afinal, como controlar a pressão arterial quando o estresse parece tomar conta? Neste artigo você vai entender por que o estresse afeta a pressão e descobrir estratégias eficazes para equilibrar corpo e mente, mantendo seu coração saudável mesmo nos dias mais agitados.
Por que o estresse e a agitação afetam a pressão arterial?
O estresse e a agitação provocam a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que preparam o corpo para reagir a situações de perigo, o famoso “modo de luta ou fuga”. Esses hormônios aceleram os batimentos cardíacos, estreitam os vasos sanguíneos e aumentam a pressão arterial temporariamente.
De acordo com o Dr. Roberto Augusto Vasques Junior, coordenador regional de Cardiologia da Rede D’Or em São Paulo, esse mecanismo é natural e serve para preparar o corpo para reagir a uma situação de risco.
“O problema é quando isso acontece com muita frequência ou por longos períodos, pois o sistema cardiovascular fica constantemente sobrecarregado. Com o tempo, esses picos repetidos podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial crônica e aumentar o risco de doenças do coração e dos vasos”, destaca o especialista.
Quando o estresse se mantém por semanas ou meses, ele pode causar:
- Hipertensão persistente;
- Inflamação;
- Piora do sono.
“Hábitos como o consumo de sal, álcool e sedentarismo aumentam o risco de infarto e AVC. Após várias publicações científicas, hoje as diretrizes nacionais e internacionais reconhecem cada vez mais o papel de fatores psicossociais no controle da pressão arterial”, afirma Dr. Roberto Vasques.
Algumas pessoas são naturalmente mais sensíveis aos efeitos do estresse sobre a pressão arterial. Entre os grupos mais vulneráveis estão:
- Hipertensos;
- Idosos;
- Pessoas com apneia do sono;
- Diabéticos;
- Pacientes com doença renal;
- Pessoas com reatividade pressórica alta ao estresse.
O estresse tem impacto ainda maior em quem já possui fatores que afetam o controle da pressão arterial, esses grupos tendem a ter respostas mais intensas, com elevação da pressão e maior risco de picos. Isso acontece porque seus vasos são menos elásticos, o sistema de regulação da pressão é menos eficiente e o corpo permanece em constante estado de alerta. Além disso, Dr. Vasques destaca que quem tem histórico familiar de hipertensão precoce costuma reagir de forma mais acentuada ao estresse.
“Em todos esses casos, manter hábitos saudáveis, medir a pressão regularmente e aprender técnicas de controle emocional são medidas simples que ajudam a evitar picos perigosos e proteger o coração”, orienta.
LEIA TAMBÉM: Quais os sintomas da pressão alta? Saiba como identificá-los e o que fazer
Sinais de que o estresse está afetando sua pressão
Alguns sinais podem indicar que o estresse está impactando sua saúde cardiovascular. Os sintomas mais comuns podem ocorrer durante ou logo após o gatilho:
- Cabeça pesada;
- Cefaleia;
- Palpitações;
- Calor no rosto;
- Tontura;
- Tensão muscular.
Se esses sintomas se tornarem frequentes, é importante monitorar a pressão arterial regularmente e buscar orientação médica. De acordo com o Dr. Roberto Vasques, a confirmação desse aumento se dá medindo a pressão arterial em casa ou em ambulatório.
Os sintomas físicos frequentes de pico momentâneo de pressão alta também podem causar:
- Cefaleia;
- Palpitação
- Ansiedade;
- Tremor leve;
- Náusea;
- Sensação de “pressão na nuca”.
“Atenção imediata se houver dor no peito, falta de ar, fraqueza em um lado do corpo, fala enrolada ou visão turva, isso significa emergência”, alerta o cardiologista.
VEJA MAIS: Estresse e infarto: combinação explosiva?
Técnicas simples para reduzir a pressão durante momentos de tensão
Mesmo em situações de estresse e agitação, é possível controlar a pressão e acalmar o corpo com medidas simples e eficazes. Entre as principais:
Respiração lenta e profunda:
“Inspirar pelo nariz e expirar devagar pela boca por alguns minutos ajuda a reduzir a liberação de adrenalina e a relaxar os vasos sanguíneos”, explica Dr. Vasques.
Pausar e se afastar do estímulo estressante:
“Sair do ambiente, caminhar um pouco ou sentar-se em local calmo reduz o ritmo cardíaco e o foco no gatilho do estresse”, aconselha.
Relaxamento muscular e alongamentos leves:
“Soltar ombros, pescoço e mandíbula diminui a tensão corporal”, ressalta.
Ouvir música calma ou meditar por alguns minutos:
“Comprovadamente reduz a frequência cardíaca e melhora a resposta emocional”, destaca.
Atividade física leve:
Caminhar ou subir escadas por alguns minutos também ajuda o corpo a “dissipar” o excesso de adrenalina.
“Praticar exercícios regularmente (como caminhada, corrida leve, bicicleta ou musculação moderada) melhora a circulação, reduz o estresse e ajuda a controlar o peso. Estudos mostram que quem se exercita pode ter uma redução média de 5 a 10 mmHg na pressão arterial — efeito comparável ao de um medicamento leve”, enfatiza.
Essas estratégias não substituem o tratamento médico, mas são ferramentas eficazes para controlar picos de pressão provocados pelo estresse e melhorar o bem-estar no dia a dia.
Dr. Vasques complementa que essas ações ajudam a reduzir o pico em parte das pessoas e, se praticados regularmente, podem baixar modestamente a pressão arterial média. “A evidência é favorável, porém moderada – devem complementar, não trocar terapias”, aconselha.
LEIA MAIS: Caminhada, dança ou corrida? Escolha sua atividade para manter o coração saudável
A automedicação deve ser evitada nesse contexto. Dr. Vasques ressalta que é importante não usar “remédios emprestados” ou tomar medicamentos por conta própria, a avaliação de um especialista é indispensável. “Descongestionantes com pseudoefedrina/nafazolina e anti-inflamatórios no geral podem subir a pressão arterial. Ajustes de anti-hipertensivos sempre com médico; em picos, não faça ‘coquetéis’ por conta”, alerta.
Alguns hábitos diários que são pilares das diretrizes atuais podem ajudar a manter a pressão sob controle mesmo em momentos de estresse:
- Atividade física regular;
- Sono adequado;
- Reduzir sal;
- Consumo de álcool moderado;
- Parar de fumar;
- Manter o peso saudável;
- Adotar uma rotina de respiração/relaxamento.
VEJA TAMBÉM: Alimentação, sono e exercícios também protegem o seu coração
Quem costuma ter picos de estresse deve acompanhar a pressão arterial durante os episódios e também em dias tranquilos realizando duas medições pela manhã e duas à noite, por 3 a 7 dias, para comparar os resultados. Esse monitoramento pode ser repetido mensalmente ou conforme orientação médica. Em casos de dúvida, o exame de MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial) poderá auxiliar.
O erro mais comum que as pessoas cometem quando tentam controlar a pressão é agir por impulso. “Medir a pressão várias vezes seguidas, entrar em pânico e tomar remédios extras por conta própria pode causar quedas bruscas de pressão e até desmaios”, destaca Dr. Roberto Vasques.
“Outro engano frequente é achar que todo desconforto significa pressão alta, quando às vezes os sintomas vêm apenas da ansiedade ou da hiperventilação. O excesso de preocupação, paradoxo, piora ainda mais o quadro”, complementa.
O ideal é manter a calma, sentar-se em local tranquilo, respirar lentamente por alguns minutos e só então medir a pressão com o braço apoiado. “Se estiver alta, anotar o valor e repetir após 5 a 10 minutos. Caso os números permaneçam elevados ou haja sintomas importantes (dor no peito, falta de ar, visão turva, formigamento, fraqueza), deve-se procurar atendimento médico imediatamente”, orienta o cardiologista.
Controlar a pressão arterial em situações de estresse pode ser um desafio, mas é totalmente possível com autoconhecimento, mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico adequado. Agende uma consulta com um cardiologista D’Or.
LEIA MAIS: Pressão 12 por 8 é alta? Entenda as novas orientações sobre hipertensão