Cuidando do coração na terceira idade: guia para quem já passou dos 60
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Envelhecer com saúde é um desejo comum, e quando o assunto é coração, a atenção precisa ser redobrada. Após os 60 anos, o organismo passa por mudanças que podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca e infarto. Por isso, manter hábitos saudáveis e realizar acompanhamento médico regular são medidas essenciais para garantir qualidade de vida e longevidade.
Um estudo publicado no National Institute on Anging aponta que à medida que envelhecemos, o coração e os vasos sanguíneos passam por transformações. O coração pode não bater tão rápido em situações de esforço, palpitações ocasionais se tornam mais comuns, as câmaras cardíacas podem aumentar de tamanho e as paredes do coração, engrossar, favorecendo arritmias como a fibrilação atrial.
Ainda de acordo com o estudo, as válvulas podem ficar mais rígidas, dificultando a passagem do sangue e causando retenção de líquidos. Essas alterações elevam o risco de doenças cardíacas e até de problemas cognitivos, como demência.
No dia 29 de setembro, celebra-se o Dia Mundial do Coração, data criada pela Federação Mundial do Coração para conscientizar sobre a importância da prevenção das doenças cardiovasculares, que continuam sendo a principal causa de morte no mundo. Aproveitar esse momento é uma excelente oportunidade para repensar os cuidados com a saúde cardíaca na terceira idade. Continue lendo o guia para cuidar do coração na terceira idade.
Por que o coração precisa de mais atenção depois dos 60?
Com o passar dos anos, as artérias tendem a perder elasticidade, favorecendo o aumento da pressão arterial. Além disso, fatores como colesterol alto, diabetes, tabagismo, histórico familiar e sedentarismo potencializam o risco de complicações cardíacas.
Médico cardiologista clínico e cardiogeriatra, Dr. Aureo Faleiros destaca que os cuidados médicos devem ser redobrados após os 60 anos. “Com a senilidade, ocorre uma queda gradual no funcionamento dos sistemas orgânicos, incluindo o cardiovascular. Além disso, a fragilidade comum nessa faixa etária leva a maior risco de eventos adversos, como incapacidade, hospitalização e mortalidade”, ressalta.
Entre as condições cardiovasculares mais comuns após os 60 anos estão:
- Hipertensão arterial
Conhecida como pressão alta, pode ser silenciosa e causar sérios danos ao coração, rins e cérebro. De acordo com o Dr. Aureo Faleiros, que também atua no ambulatório do Centro Médico do Hospital São Luiz Unidade Anália Franco e no pronto-socorro clínico e cardiológico, a hipertensão arterial sistêmica atinge cerca de 70% dos idosos e está fortemente associada a acidente vascular cerebral (AVC).
- Arritmias
São alterações no ritmo cardíaco que podem causar palpitações, tonturas e até aumentar o risco de AVC, como é o caso da fibrilação atrial, um tipo específico de arritmia que eleva as chances de AVC cardioembólico.
- Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz, causando falta de ar e cansaço.
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- Doença arterial coronariana
Também conhecida como doença coronariana, essa condição causa o estreitamento das artérias, que pode levar ao infarto.
- Estenose aórtica degenerativa por calcificação
É o estreitamento progressivo da válvula aórtica, causado pelo acúmulo de cálcio. Essa condição dificulta a saída do sangue do coração e pode levar a falta de ar, dor no peito e desmaios.
Principais sintomas que merecem atenção
Muitas vezes, os sinais de alerta se confundem com o processo natural do envelhecimento e, em idosos, podem aparecer de forma mais sutil ou até mascarada. Ainda assim, é essencial ficar atento a sintomas como:
- Dor no peito (aperto, queimação, peso);
- Falta de ar;
- Cansaço ao realizar atividades simples;
- Palpitações;
- Inchaço nas pernas ou tornozelos;
- Tontura ou desmaios.
Cuidando do coração na terceira idade: guia para quem já passou dos 60
O cuidado deve ser integral e diário, unindo hábitos saudáveis a acompanhamento médico especializado. Confira algumas orientações:
1 – Pratique atividade física regularmente;
Prática de atividade física regular (150 minutos semanais de exercícios aeróbicos e musculação 2 vezes por semana).
“A prática de atividade física é segura para a maioria dos idosos, mas deve ser adaptada individualmente. É necessária avaliação clínica e funcional antes do início. Exercícios recomendados incluem aeróbicos leves a moderados (caminhada, bicicleta ergométrica, hidroginástica), além de exercícios de equilíbrio e flexibilidade (yoga, tai chi). Existem contraindicações temporárias, como angina instável, insuficiência cardíaca descompensada, arritmias graves e infecções agudas”, destaca Dr. Faleiros.
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2 – Mantenha uma alimentação equilibrada no padrão mediterrâneo;
3 – Controle rigorosamente a hipertensão, diabetes e colesterol;
4 – Mantenha o peso adequado;
5 – Evite hábitos nocivos;
O tabagismo e o consumo excessivo de álcool estão diretamente ligados a doenças do coração.
6 – Cuide do sono;
Dormir bem é fundamental para a saúde cardiovascular.
7 – Mantenha a vida social ativa;
8 – Realize check-ups regulares com o cardiologista.
Exames comuns incluem:
- Eletrocardiograma;
- Teste ergométrico em idosos hígidos (saudável);
- Exames laboratoriais (colesterol, glicemia, hemograma, função renal/hepática, hormônios da tireoide, PSA em homens).
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“O idoso deve consultar o cardiologista ao menos anualmente se tiver fatores de risco (hipertensão, diabetes, dislipidemia ou história familiar). Em casos já diagnosticados (hipertensão, insuficiência cardíaca, arritmias, doenças valvares ou coronárias), as consultas podem ser semestrais ou trimestrais”, orienta Dr. Faleiros.
Para idosos que moram sozinhos, as recomendações são:
- Avaliação global (cognição, humor, funcionalidade, suporte social);
- Simplificação do tratamento (uso de caixas organizadoras de medicamentos, alarmes);
- Garantir segurança em casa (prevenir quedas, facilitar acesso à ajuda);
- Fortalecer rede de apoio (contato com família, vizinhos, grupos sociais);
“Familiares e cuidadores devem observar alterações como: falta de ar, dor no peito, palpitações, tontura, inchaço, cansaço fora do habitual e mudanças de humor ou comportamento. Devem ainda apoiar a adesão ao tratamento, estimular hábitos saudáveis e buscar atendimento médico diante de sinais de alerta”, aconselha o cardiogeriatra.
- Educar sobre sinais de alerta;
- Manter acompanhamento médico regular.
O coração é um dos órgãos mais importantes do corpo e precisa de atenção especial, especialmente após os 60 anos. Reconhecer os sinais, adotar hábitos saudáveis e realizar acompanhamento médico são atitudes que podem salvar vidas.
No Dia Mundial do Coração, o convite é para repensar os hábitos, adotar um estilo de vida mais saudável e cuidar da saúde cardiovascular. O envelhecimento saudável é possível, e a prevenção faz toda a diferença para viver mais e melhor. Agende sua consulta com um especialista D’Or e cuide da sua saúde cardíaca.
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