Pontada no peito: o que pode ser?
Sentiu uma pontada no peito e ficou preocupado? Entenda o que pode causar esse sintoma, como diferenciar dor muscular de problema no coração e quando buscar ajuda médica.
Publicado em:
Sentir uma pontada no peito pode ser assustador, afinal, o primeiro pensamento que muita gente tem é: “será que é infarto?”. Mas nem sempre a dor no peito é sinal de algo grave. Existem várias causas possíveis, desde problemas simples como gases até condições que exigem atenção médica imediata.
Sentir dor no peito é um dos principais motivos de ida ao pronto-socorro, mas nem sempre está ligado ao coração. Embora muita gente associe imediatamente esse sintoma a problemas no coração, ele também pode ter outras causas como infecções, doenças nos pulmões, dores musculares ou ortopédicas, problemas no sistema digestivo e até crises de ansiedade.
Nem toda pontada no peito tem origem no coração. É importante conhecer seu corpo, observar os sinais e não ignorar sintomas persistentes ou intensos. Quando em dúvida é importante investigar com um médico para entender a causa exata.
Neste texto, vamos explicar as principais causas de pontada no peito, quando se preocupar e o que fazer nesses casos. Continue lendo e saiba mais.
LEIA TAMBÉM: Dor no peito: o que é, sintomas, tratamentos e causas
Pontada no peito: o que é?
Dr. Rafael Domiciano, coordenador da cardiologia do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco (SP) e Hospital São Luiz Guarulhos (SP), explica que as dores em forma de pontada geralmente são descritas como uma dor bem localizada, que aparece e desaparece, com intensidade variável e duração curta. “Não é uma dor típica de eventos cardiológicos, porém deve ser avaliada adequadamente. A dor contínua persiste por mais tempo e pode se apresentar como aperto, peso ou pressão”, diferencia.
A dor contínua costuma durar mais tempo e pode ser sentida como um aperto, um peso no peito ou uma pressão constante, esse padrão é mais característico de doenças cardíacas, como o infarto, e por isso merece atenção redobrada.
As dores no peito causadas por problemas no coração geralmente estão relacionadas à redução do fluxo de sangue nas artérias coronárias, que são responsáveis por levar oxigênio ao músculo cardíaco. “Muitas vezes essa falta de fluxo ocorre de forma transitória e o sintoma pode melhorar, porém nesses casos se uma artéria fecha, o risco é muito alto”, alerta Dr. Domiciano.
A dor pode até melhorar sozinha ou com repouso, o que faz muitas pessoas subestimarem o sintoma. Porém, esse quadro é um sinal de alerta. Se uma dessas artérias for totalmente obstruída, o risco de um infarto é muito alto e o atendimento precisa ser imediato.
“Quando atendemos um caso de dor no peito, o primeiro exame é clínico no qual identificamos o tipo de dor e se há algum achado que já nos dê certeza do tipo de dor”, explica Dr. Domiciano.
Se ainda houver dúvida após a avaliação inicial, é possível solicitar um exame de sangue chamado troponina, que é um marcador específico de infarto. “Esse marcador se altera apenas em casos de infarto, e outras situações cardiológicas como angina podem não alterar o marcador”, destaca.
Nesses casos, se a dúvida persistir, é necessário prosseguir a investigação com outros exames complementares, como testes de esforço ou exames de imagem como, por exemplo, tomografia do coração, cintilografia, ressonância magnética ou até o cateterismo, dependendo da situação clínica.
LEIA MAIS: Biomarcadores cardíacos: o que são e para que servem
Principais causas de pontadas no peito
“Dores em pontada podem ter diversas causas, podendo ser osteomusculares ou por esforço físico (neste caso é comum sentir uma dor ao apertar o local), e também por espasmos musculares. Outras causas seriam alterações pulmonares, que muitas vezes pioram ao respirar, e gastrointestinais, que vêm acompanhadas de azia e refluxo. Outras muito comuns atualmente são ansiedade e estresse”, lista Dr. Rafael Domiciano, que também é gerente do protocolo de dor torácica da Rede D’Or.
Entre as principais causas de pontadas no peito, destacam-se:
Problemas musculares
“As dores musculares e posturais têm características que nos ajudam a descartar causas cardíacas”, aponta Dr. Domiciano, ressaltando que essas características são:
- piora da movimentação;
- dor reproduzida ao apertar o local;
- dificuldade de movimentação;
- algum indício de trauma local.
A dor muscular pode surgir após esforço físico, má postura ou até uma torção ao dormir.
Alterações pulmonares
Algumas doenças pulmonares também podem causar pontadas no peito, especialmente quando envolvem a pleura, a membrana que reveste os pulmões. É o caso da pleurite, da pneumonia e até de condições mais graves como pneumotórax e embolia pulmonar.
A dor costuma piorar ao respirar fundo, tossir ou se movimentar e pode vir acompanhada de falta de ar, febre ou cansaço. Para aliviar pontadas no peito em pacientes com tensão muscular, Dr. Rafael Domiciano aconselha realizar exercícios de rotina, alongamento e relaxamento para ajudar no controle da dor.
VEJA TAMBÉM: Cor pulmonale: o que é?
Gases, refluxos e problemas digestivos
Alterações gastrointestinais podem gerar desconforto no tórax. “Vale lembrar que o estômago se localiza logo abaixo do diafragma e que o esôfago passa pelo tórax, desta forma condições como gases, gastrite, esofagite podem, sim, causar sintomas torácicos”, salienta Dr. Domiciano.
Por estar localizado próximo ao tórax, o estômago pode causar dores que geram confusão com problemas no coração. “Se a dor é tipo queimação, que piora com alimentação ou se o paciente já tem algum histórico de doenças gástricas, podemos suspeitar que o sintoma seja por essa causa”, aponta.
No entanto, Dr. Rafael Domiciano explica que a dor de origem cardíaca costuma ter características específicas. “A dor de característica cardiológica se apresenta de forma mais frequente como um aperto, que piora aos esforços e melhora com repouso, acompanhado de sudorese ou náuseas e por vez com irradiação para o braço esquerdo ou mandíbula”, alerta.
Em pacientes com alterações gastrointestinais e com diagnósticos não cardiológicos, o médico destaca algumas ações que podem ajudar a melhorar os episódios de desconforto como:
- alimentar-se de forma mais saudável;
- fracionar as refeições;
- evitar consumo excessivo de café, álcool e tabaco.
VEJA MAIS: Efeitos das drogas e do álcool no coração
Ansiedade e estresse
A ansiedade pode provocar sintomas físicos muito reais, incluindo pontadas no peito, falta de ar, palpitações e até sensação de desmaio. Muitas vezes, quem sofre uma crise de ansiedade acha que está tendo um infarto.
“Hoje a ansiedade está presente no dia a dia das pessoas e precisamos ter muito cuidado, pois muitas vezes o sintoma se apresenta de forma muito parecida com sintomas cardíacos”, pontua o cardiologista.
Ele explica que a ansiedade costuma liberar diversos mediadores que aumentam a frequência do coração e que aumentam a pressão, esse mecanismo fisiológico gera sintomas e muitas vezes pode confundir quanto à causa da dor.
Para melhorar a dor em pacientes com ansiedade o cardiologista orienta tentar se manter em um ambiente calmo e evitar o estresse.
LEIA TAMBÉM: Estresse e infarto: combinação explosiva?
Pontada no peito pode ser infarto?
A dor típica do infarto costuma ser descrita como uma pressão, aperto ou peso no centro do peito, que dura mais de alguns minutos, piora com esforço e não melhora com mudanças de posição ou respiração, acompanhado de sudorese ou náuseas e por vez com irradiação para o braço esquerdo ou mandíbula.
Dr. Rafael Domiciano reforça que em algumas situações pode ser que os sintomas de infarto não sejam clássicos. “Qualquer dor no peito merece uma atenção especial e mais ainda se o paciente apresenta fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, tabagismo, diabetes, sedentarismo e obesidade. Se os sintomas são prolongados, se apresenta sinais de sudorese, náuseas ou o se sintoma é intenso e contínuo, é muito importante que a causa da dor seja avaliada por um médico”, orienta.
Quando procurar ajuda médica?
“Qualquer dor no peito deve ser considerada um sinal de alarme, na dúvida, é sempre indicado que seja realizada uma avaliação médica, se os sintomas são persistentes, acompanhados de náuseas, sudorese ou com irradiação para mandíbula ou braço esquerdo, não podemos perder tempo para realizar essa avaliação”, frisa.
Mesmo que a dor passe rapidamente, o cardiologista aconselha buscar um atendimento médico. “Meu conselho é que, independentemente do tipo de dor, procure um médico para ter a segurança adequada e não correr riscos, lembrando que as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no Brasil e no mundo e um atendimento rápido pode fazer total diferença.”
Questionado sobre o que nunca se deve fazer ao sentir uma dor súbita no peito, o médico orienta:
- não ignorar a dor;
- não tomar medicações por conta própria;
- não tirar dúvidas na internet ou nas redes sociais.
VEJA MAIS: Riscos da automedicação para o coração
“Sintomas como este podem ser o aviso de algo mais grave. Nos casos de infarto a cada minuto que se passa a chance de óbito aumenta consideravelmente, por este motivo meu conselho é procure o pronto-socorro o mais rápido possível, as emergências são preparadas para atender esse tipo de queixa e em menos de 10 minutos você já terá realizado um eletrocardiograma e será avaliado por um profissional capacitado”, orienta.
Mesmo quando a dor não parece grave, é fundamental estar atento. Se o desconforto for persistente, intenso, ou vier acompanhado de outros sintomas como falta de ar, tontura ou suor frio, é importante procurar atendimento médico.
Se você tem histórico familiar ou sente dor no peito com frequência, não adie. Agende uma consulta com um cardiologista da Rede D’Or e cuide da sua saúde com segurança.
LEIA TAMBÉM: Diferenças entre ataque cardíaco e angina e como agir em cada um deles