3 sinais de que seu coração pode estar sobrecarregado
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O coração é como se fosse o motor do nosso corpo. Quando algo não vai bem, ele costuma enviar sinais de alertas, que não devem ser ignorados. Identificar esses sintomas precocemente pode fazer toda a diferença para evitar complicações graves, como arritmias, insuficiência cardíaca e infarto.
Dados alarmantes reforçam a importância da prevenção. Entre 2019 e 2023, o Brasil registrou quase 284 mil internações por arritmias, resultando em mais de 9 mil mortes, segundo dados publicados na Revista da USP. O número de casos aumentou de forma preocupante em 2023, acendendo um alerta para a importância da prevenção.
A insuficiência cardíaca, condição em que o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma eficiente, afeta cerca de 64 milhões de pessoas no mundo e aproximadamente 2 milhões de brasileiros, com 240 mil novos diagnósticos por ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Já o infarto, de acordo com o Ministério da Saúde, atinge de 300 mil a 400 mil pessoas anualmente no país, e a cada 5 a 7 episódios, um deles evolui para óbito. Esses números mostram como é fundamental prestar atenção aos sintomas e manter um acompanhamento cardiológico regular.
Manter hábitos saudáveis é a melhor forma de prevenir a sobrecarga do coração. Além disso, check-ups regulares são essenciais para monitorar fatores de risco como pressão arterial, colesterol e glicemia.
Mas, afinal, como perceber que seu coração está sobrecarregado? Continue lendo e conheça 3 sinais de que seu coração pode estar sobrecarregado.
O que é um coração sobrecarregado?
Dr. Muhieddine Omar Chokr, eletrofisiologista da Rede D’Or São Paulo, explica que um “coração sobrecarregado” é um coração que está trabalhando acima do normal para conseguir manter a circulação do corpo. “Isso pode acontecer por diversos motivos — como pressão alta, doenças das válvulas, arritmias, obesidade ou até mesmo excesso de esforço físico em quem não está preparado”, descreve o especialista.
Quando o coração é submetido a sobrecarga por muito tempo, ele pode se dilatar, engrossar suas paredes ou perder eficiência para bombear o sangue. Veja os principais sinais que merecem atenção.
3 sinais de que seu coração pode estar sobrecarregado
Mesmo sem causar sintomas intensos no início, o coração costuma enviar pequenos alertas quando está trabalhando além do normal. Ficar atento a esses sinais é essencial para buscar ajuda médica antes que o problema evolua. Continue lendo e conheça 3 sinais de que seu coração pode estar sobrecarregado.
1 – Palpitação
A palpitação é a sensação de que o coração está batendo de forma diferente do normal, mais rápido, mais forte, “tremendo” no peito ou dando a impressão de “pular” batimentos. Elas acontecem quando há uma alteração momentânea na frequência ou no ritmo cardíaco, e podem ter várias causas.
Entre as causas mais comuns de palpitação estão:
- Estresse;
- Ansiedade;
- Falta de sono;
- Consumo excessivo de café;
- Energéticos;
- Nicotina;
- Álcool;
- Febre;
- Anemia;
- Distúrbios da tireoide.
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As palpitações também podem estar associadas a arritmias cardíacas, que ocorrem quando há alterações na condução elétrica do coração. Embora, na maioria das vezes, sejam benignas, é importante investigar para identificar possíveis causas e avaliar o real risco do sintoma.
O eletrofisiologista destaca que nem todos os tipos de palpitação indicam problema cardíaco. Em muitos casos, o sintoma está relacionado a fatores simples, como as causas citadas acima, porém, quando as palpitações são frequentes, prolongadas ou acompanhadas de tontura, desmaio, dor no peito ou falta de ar, podem sinalizar arritmias potencialmente graves.
“Nessas situações, é fundamental procurar avaliação médica. O cardiologista pode solicitar exames de monitorização do ritmo cardíaco, como o Holter ou o monitor de eventos, para identificar a causa e determinar se há necessidade de tratamento. Uma vez identificada a existência de uma arritmia, muitas podem ser controladas com medicamentos ou até curadas por meio da ablação por cateter, quando bem indicada e realizada em centros especializados”, explica Dr. Muhieddine Omar Chokr, responsável pelos serviços de arritmia e eletrofisiologia invasiva dos hospitais São Luiz Itaim, São Luiz Morumbi, São Luiz Alphaville e Hospital Brasil, da Rede D’Or São Paulo.
2 – Falta de ar
“A falta de ar acontece porque o coração sobrecarregado perde eficiência para bombear o sangue. Quando isso ocorre, o sangue pode se acumular nos pulmões, dificultando as trocas gasosas e dando a sensação de ‘fôlego curto’ ou de ‘peso no peito’. Esse sintoma costuma piorar durante esforços, ao deitar ou à noite, quando o retorno de sangue ao coração aumenta”, descreve Dr. Chokr.
Em geral, a falta de ar é um sinal de que o coração não está conseguindo acompanhar a demanda do corpo, como ocorre em casos de insuficiência cardíaca, pressão alta não controlada ou doenças das válvulas cardíacas.
No entanto, nem sempre ela está relacionada ao coração. “Ela também pode ocorrer em doenças pulmonares, como asma, bronquite ou pneumonia; em quadros de ansiedade, obesidade ou sedentarismo”, destaca o especialista.
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Por outro lado, quando a falta de ar surge de forma súbita, principalmente durante atividades simples como subir escadas ou caminhar pequenas distâncias, piora ao deitar ou vem acompanhada de dor no peito, palpitações, tontura ou desmaio, é um sinal de alerta que exige avaliação médica imediata. Esses sintomas podem indicar insuficiência cardíaca, arritmias, infarto ou embolia pulmonar, condições que precisam de diagnóstico rápido e tratamento urgente.
3 – Dor no peito
A dor no peito é um dos sintomas mais conhecidos de problemas cardíacos, mas ainda assim é frequentemente subestimada. Ela pode se manifestar como pressão, aperto, queimação ou peso na região torácica, podendo irradiar para o braço esquerdo, pescoço, mandíbula ou costas.
“A dor de origem cardíaca costuma ser em aperto ou pressão, localizada no centro ou lado esquerdo do peito, podendo irradiar para o braço esquerdo, mandíbula, costas ou pescoço. Ela geralmente aparece durante esforços físicos, situações de estresse ou emoções intensas, e melhora com o repouso”, destaca Dr. Muhieddine Omar Chokr.
Já as dores musculares costumam ser localizadas, pioram ao toque ou com o movimento, e as dores de origem gástrica podem vir acompanhadas de azia, queimação ou desconforto após as refeições.
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“É importante lembrar que a dor cardíaca nem sempre é intensa — em algumas pessoas, especialmente diabéticos e idosos, pode ser discreta ou se manifestar apenas como cansaço e falta de ar. Por isso, qualquer dor no peito de causa incerta deve ser avaliada por um médico”, alerta.
A dor no peito deve ser tratada como uma emergência médica quando é intensa, em aperto ou pressão, dura mais de alguns minutos e não melhora com o repouso. Também exige atenção imediata se vier acompanhada de:
- Falta de ar;
- Suor frio;
- Náusea;
- Tontura;
- Palpitações;
- Sensação de desmaio.
“Esses sinais podem indicar infarto, arritmia grave ou embolia pulmonar, e o ideal é procurar um pronto-socorro imediatamente ou acionar o serviço de emergência. Nessas situações, não se deve tentar dirigir ou esperar os sintomas passarem, pois o atendimento rápido pode salvar vidas”, aconselha.
Esses são, de fato, os sintomas mais comuns de um coração que está sobrecarregado. “A palpitação pode indicar que o coração está batendo mais rápido ou de forma irregular; a falta de ar surge quando ele não consegue bombear o sangue com eficiência; e a dor no peito pode refletir tanto o aumento da demanda de oxigênio quanto problemas nas artérias coronárias”, descreve Dr. Muhieddine Omar Chokr.
Além desses, outros sinais importantes são inchaço nas pernas, cansaço desproporcional às atividades do dia a dia, tonturas e desmaios ocasionais. Esses sintomas merecem atenção médica, especialmente se surgirem de forma progressiva ou sem causa aparente.
É importante destacar que nem sempre esses sintomas significam que algo está errado no coração. Eles podem ocorrer em pessoas com o coração completamente saudável, especialmente em situações de estresse, ansiedade, falta de sono, consumo de cafeína, álcool ou estimulantes. Também podem aparecer durante febre, desidratação ou após esforço físico intenso.
“Por outro lado, quando esses sintomas se tornam frequentes, intensos, associados a tontura, desmaio, dor no peito ou falta de ar, é importante investigar. Nesses casos, podem indicar arritmias, insuficiência cardíaca ou outras doenças cardiovasculares que exigem avaliação por um cardiologista”, alerta.
Hábitos que ajudam a evitar sobrecarga cardíaca
Manter o coração saudável vai muito além de evitar doenças, envolve adotar hábitos diários que reduzem a sobrecarga cardíaca e promovem o bom funcionamento do órgão. Confira algumas atitudes essenciais:
- Controlar a pressão arterial, o colesterol e o diabetes, com acompanhamento médico regular;
- Praticar atividade física regularmente, pelo menos 150 minutos por semana, de forma orientada;
- Ter uma alimentação equilibrada, com pouco sal, açúcar e gordura saturada, dando preferência a frutas, verduras e grãos integrais;
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
- Dormir bem e controlar o estresse, que também sobrecarregam o coração.
“Essas medidas simples reduzem significativamente o risco de hipertrofia cardíaca, arritmias, insuficiência cardíaca e infarto”, ressalta Dr. Muhieddine Omar Chokr.
Sempre que surgirem sintomas como palpitações frequentes, falta de ar, dor no peito, tonturas, desmaios ou inchaço nas pernas, mesmo que leves ou ocasionais, é recomendável procurar um cardiologista para avaliação.
Além disso, pessoas com histórico familiar de doenças cardíacas, pressão alta, diabetes, colesterol elevado, obesidade ou sedentarismo devem fazer avaliações preventivas periódicas, mesmo sem sintomas. A detecção precoce de qualquer alteração permite tratar o problema antes que cause danos ao coração, aumentando muito as chances de controle e qualidade de vida.
Se você já sentiu algum desses sintomas, agende uma consulta com um cardiologista D’Or. Seu coração merece atenção e cuidado contínuos.