Tipos de AVC: conheça os sintomas e saiba o que fazer
Os sintomas de um AVC podem ser sutis e, até mesmo, confundidos com problemas usuais. Quanto mais rápida for a intervenção médica, mais chances de um bom desfecho.
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O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. Ele acontece quando o fluxo de sangue para uma área do cérebro é interrompido, causando danos às células cerebrais, ou quando ocorre extravasamento de sangue no interior do cérebro.
Um artigo publicado no Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, com base no DataSUS, mostra que entre 2019 e 2023, o Brasil registrou 174.626 mortes por AVC. Os dados revelam que os óbitos foram mais frequentes entre homens (51,3%), pessoas brancas (44,56%), idosos com 80 anos ou mais (42,52%) e moradores da região Sudeste (39,83%).
De acordo com o Ministério da Saúde, o AVC isquêmico é a forma mais comum da doença, sendo responsável por aproximadamente 85% dos episódios de acidente vascular cerebral no Brasil. Entender os tipos de AVC, seus sintomas e o que fazer diante de uma suspeita pode salvar vidas.
Neste artigo, você vai conhecer os principais tipos de AVC, como identificar os sinais de alerta e qual é a conduta correta nos primeiros minutos, etapa fundamental para reduzir sequelas. Continue lendo e entenda.
O que é AVC?
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição aguda decorrente do comprometimento dos vasos sanguíneos cerebrais, seja através da interrupção do fluxo sanguíneo, seja do extravasamento de sangue no cérebro.
Supervisor médico da Unidade Neurointensiva do Hospital Copa D’Or, Dr. Fernando Cardoso explica que o AVC é uma emergência médica, pois trata-se de uma doença com elevada mortalidade e cuja resposta ao tratamento está diretamente ligada à precocidade de seu início.
“A resposta ao tratamento do AVC está diretamente relacionada ao tempo do início dos sintomas. Quanto mais rápido o reconhecimento destes e mais precoce o começo do tratamento, maior será a chance de recuperação clínica e redução do risco de morte ou incapacidade em longo prazo”, destaca o neurologista, que também atua como coordenador do serviço de Neurovascular do Hospital Copa D’Or.
Os principais riscos para a ocorrência de AVC são:
- Idade avançada;
- Hipertensão arterial sistêmica;
- Diabetes;
- Colesterol alto;
- Tabagismo;
- Sedentarismo;
- Obesidade;
- Alcoolismo;
- Doenças cardíacas (história prévia de infarto agudo do miocárdico, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca);
- Alterações da coagulação sanguínea.
“Em jovens, merecem destaque uso de drogas e alterações cárdicas, além de doenças genéticas”, ressalta Dr. Fernando Cardoso.
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Tipos de AVC
O AVC pode ter diferentes causas, e por isso é dividido em dois grandes tipos: AVC hemorrágico e AVC isquêmico. Dentro do grupo dos AVCs isquêmicos, também existem classificações específicas, como o Ataque Isquêmico Transitório (AIT), quando o bloqueio é temporário, e o AVC cardioembólico, que ocorre quando um coágulo formado no coração se desloca até o cérebro.
AVC hemorrágico
O AVC hemorrágico acontece quando um vaso no cérebro se rompe, provocando sangramento no tecido cerebral ou ao redor dele. Embora menos frequente, costuma ser mais grave.
Principais causas do AVC hemorrágico
O AVC hemorrágico ocorre, na maioria das vezes, por pressão arterial elevada e mal controlada ou pela ruptura de um aneurisma cerebral. Porém, outros fatores também podem levar ao sangramento no cérebro, como:
- Distúrbios de coagulação, incluindo hemofilia;
- Traumas na cabeça ou no pescoço;
- Radioterapia prévia na região do cérebro ou pescoço;
- Alterações cardíacas, como arritmias, doenças das válvulas e defeitos cardíacos congênitos;
- Vasculites, que são inflamações dos vasos sanguíneos e podem ocorrer após infecções como sífilis, doença de Lyme e tuberculose;
- Condições cardíacas graves, como insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio.
Sintomas comuns do AVC hemorrágico
- Dor de cabeça;
- Sonolência;
- Enjoos e vômitos;
- Elevação muito acentuada da pressão arterial.
AVC isquêmico
O AVC isquêmico é o tipo mais comum, representando cerca de 80% dos casos. Ele é causado geralmente pela interrupção do fluxo sanguíneo para determinada região do cérebro que consequentemente não receberá oxigênio e nutrientes. O AVC isquêmico se divide em cinco subgrupos, com causas distintas:
- AVC isquêmico aterotrombótico: provocado por doença que causa formação de placas nos vasos sanguíneos maiores (aterosclerose), o que leva à oclusão do vaso sanguíneo ou formação de êmbolos.
- AVC isquêmico cardioembólico: ocorre quando o êmbolo causador do derrame parte do coração.
“O AVC cardioembólico pode ser causado por vários fatores como arritmias cardíacas, grave comprometimento da função do coração, alterações na estrutura e morfologia do coração e presença de próteses metálicas em válvulas cardíacas. Essas condições podem gerar a formação de coágulos dentro do coração que são impulsionados pela circulação até os vasos do cérebro, podendo entupi-los”, ressalta.
- AVC isquêmico de outra etiologia: é mais comum em pessoas jovens e pode estar relacionado a distúrbios de coagulação no sangue.
- AVC isquêmico criptogênico: ocorre quando a causa do AVC isquêmico não foi identificada, mesmo após investigação detalhada pela equipe médica.
- AIT – Ataque Isquêmico Transitório: conhecido como “mini-AVC”, o AIT ocorre quando há interrupção temporária do fluxo sanguíneo no cérebro. Os sintomas são semelhantes aos do AVC, mas duram menos de 24 horas e desaparecem completamente.
Apesar de transitório, o AIT é um alerta sério. Dados da Associação Americana de AVC apontam que um ataque isquêmico transitório precede aproximadamente 15% de todos os casos de AVC.
Principais causas do AVC isquêmico
“Eventualmente pode ser causada por redução importante da pressão arterial ou da função do coração, resultando em dificuldade da chegada de sangue ao cérebro. Paciente que apresenta reversão dos sintomas em menos de 24 horas, com exames de imagem normais, tem o que se chama de ataque isquêmico transitório”, descreve Dr. Fernando Cardoso, que também coordena o serviço de Neurologia do Hospital Gloria D’Or.
Sintomas comuns do AVC isquêmico
“Os sintomas de um AVC isquêmico são semelhantes aos do AVC hemorrágico. É muito difícil distinguir à beira do leito, somente com uso de um exame de imagem como Tomografia de Crânio ou Ressonância de Crânio é possível dizer se o paciente apresentou um AVC isquêmico ou hemorrágico”, esclarece Dr. Fernando Cardoso.
Os sintomas de um AVC são variados. Podem ser de instalação súbita/abrupta. Os mais comuns são:
- Alterações da fala;
- Fraqueza ou dormência em algum lado do corpo;
- Boca torta;
- Alteração da visão;
- Desequilíbrio;
- Tonteira;
- Visão dupla;
- Alteração do nível de consciência como sonolência excessiva ou agitação psicomotora.
“Os sintomas de um AVC podem ser sutis e, até mesmo, serem confundidos com problemas usuais como tonteira, pequenas alterações da visão ou de força e sensibilidade, confusão mental e alterações de fala podem passar despercebidas ou interpretadas como outras doenças, como labirintite, por exemplo”, diz Dr. Cardoso.
O que fazer diante de uma suspeita de AVC?
A primeira atitude que deve ser tomada diante de uma pessoa com suspeita de AVC é levá-la para um hospital que tenha condições de realizar o atendimento adequado para o AVC.
“Para paciente com AVC isquêmico, tratamento farmacológico com uma medicação chamada de trombolítico pode ser realizado até 4,5h do início dos sintomas. Quando é identificado o bloqueio de um vaso cerebral de grande calibre em até 24 horas do início dos sintomas, pode ser realizado um procedimento denominado de trombectomia mecânica, que consiste na retirada mecânica do coágulo”, destaca o neurologista.
Dr. Fernando Cardoso aponta que a cada 7 pacientes com AVC isquêmico tratados dentro das primeiras 3 horas é possível evitar 1 morte/incapacidade. A cada 14 pacientes com AVC tratados dentro das primeiras 3 a 4,5 horas é possível evitar 1 morte/incapacidade. Quanto mais rápido o tratamento, maior a chance de recuperação.
“Em pacientes com AVC hemorrágico, será muito importante a identificação de possíveis causas e correção imediata de condições como o controle agressivo da pressão arterial e reversão de alterações de coagulação se estas estiverem presentes”, alerta.
Nem todo paciente apresentará reversão espontânea dos sintomas, por isso não se deve demorar para procurar ajuda médica. “Quanto mais demorada a instituição do tratamento, menor será possibilidade de melhora clínica”, ressalta Dr. Cardoso.
O AVC, tanto isquêmico quando o hemorrágico, é uma doença frequente na população, apresentando uma alta taxa de mortalidade e a principal causa de incapacidade. O especialista frisa que se trata de uma doença cuja eficácia do tratamento está diretamente ligada à precocidade do seu início.
“Por isso, é importante o pronto reconhecimento de seus sintomas e procurar um hospital capacitado. Além disso, medidas de prevenção simples, como controle da pressão arterial, do colesterol, da diabetes, interrupção do tabagismo e realização de atividade física, podem prevenir a ocorrência de AVC”, complementa.
Se você apresenta fatores de risco, já teve um AIT, possui sintomas suspeitos, buscar atendimento especializado é fundamental. A detecção precoce e o acompanhamento contínuo fazem toda a diferença na prevenção do AVC e em seus desdobramentos.
Agende uma consulta com um especialista da Rede D’Or e tenha um cuidado completo, seguro e integrado com a sua saúde.
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